em Evangelho do dia

Expôs-lhes então uma parábola sobre a necessidade de eles orarem sempre sem desfalecer: Em certa cidade — disse Ele — havia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens. 3Ora, naquela cidade, existia uma viúva, que ia ter com ele e lhe dizia: «Faz-me justiça contra o meu adversário». 4Por algum tempo, ele não quis; mas, depois, disse consigo: «Se bem que não temo a Deus nem respeito os homens, ‘con­tudo, já que esta viúva me incomoda, vou fazer-lhe justiça, para que não venha moer-me até ao fim!». 6E o Senhor acrescentou: Es­cutai o que diz o juiz iníquo!… 7E Deus não havia de fazer justiça aos Seus eleitos, que a Ele clamam dia e noite, e iria ter demoras com eles? 8Eu digo-vos que lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do homem, quando voltar, achará acaso a fé sobre a Terra?

Comentário

1-8. A parábola do juiz injusto é um ensinamento muito expressivo acerca da eficácia da oração perse­verante e firme. Por sua vez constitui a conclusão da dou­trina sobre a vigilância, exposta nos versículos anteriores (17,23-26). O facto de comparar o Senhor com uma pessoa como esta, põe em relevo o contraste entre ambos: se até um juiz injusto acaba por fazer justiça àquele que insiste com perseverança, quanto mais Deus, infinitamente justo e nosso Pai, escutará as orações perseverantes dos Seus filhos. Deus, com efeito, fará justiça aos Seus escolhidos que clamam por Ele sem cessar.

  1. «É preciso orar em todo o tempo e não desfalecer. Por que devemos orar?

1) Devemos orar antes de mais, porque somos crentes. Com efeito, a oração é o reconhecimento dos nossos limites e da nossa dependência: vimos de Deus, somos de Deus e retornamos a Deus. Portanto, não podemos deixar de nos abandonarmos n’Ele, nosso Criador e Senhor, com plena e total confiança (…). A oração é, antes de mais, um acto de inteligência, um sentimento de humildade e de reconhecimento, uma atitude de confiança e de abandono n’Aquele que nos deu a vida por amor. A oração é um diálogo misterioso, mas real, com Deus, um diálogo de confiança e de amor.

«2) Mas nós somos cristãos, e por isto devemos orar como cristãos. Efectivamente, a oração para o cristão adquire uma característica particular que muda totalmente a sua natu­reza íntima e o seu valor íntimo. O cristão é discípulo de Jesus; é o que crê verdadeiramente que Jesus é o Verbo encarnado; o Filho de Deus vindo entre nós a esta terra.

«Como homem, a vida de Jesus foi uma oração contínua, um acto contínuo de adoração e de amor ao Pai, e porque a expressão máxima da oração é o sacrifício, o apogeu da oração de Jesus é o sacrifício da cruz, antecipado com a Eucaristia na Última Ceia e transmitido a todos os séculos com a Santa Missa.

«Por isto o cristão sabe que a sua oração é Jesus; toda a sua oração parte de Jesus; é Ele quem ora em nós, connosco e por nós. Todos os que creem em Deus, oram; mas o cristão ora em Jesus Cristo: Cristo é a nossa oração! (…).

«3) Finalmente, devemos orar também porque somos frá­geis e culpáveis. É preciso reconhecer humilde e realmente que somos pobres criaturas, com ideias confusas (…), frágeis e débeis, com necessidade contínua de força interior e de consolação. A oração dá força para os grandes ideais, para manter a fé, a caridade, a pureza, a generosidade; a oração dá ânimo para sair da indiferença e da culpa, se por desgraça se cedeu à tentação e à debilidade; a oração dá luz para ver e julgar os acontecimentos da própria vida e da própria his­tória na perspectiva salvífica de Deus e da eternidade. Por isto, não deixeis de orar! Não passe um dia sem que tenhais orado um pouco! A oração é um dever, mas também é uma grande alegria, porque é um diálogo com Deus por meio de Jesus Cristo! Cada domingo a Santa Missa e, se vos é possível, alguma vez também durante a semana; cada dia as orações da manhã e da noite e nos momentos mais oportunos!» (João Paulo II, Audiência com os jovens, 14-111-1979).

  1. O ensinamento de Jesus sobre a perseverança na oração une-se com a severa advertência de que é preciso manter-se fiéis na fé; fé e oração vão intimamente unidas: «Creiamos para orar — comenta Santo Agostinho —; e para que não dês faleça a fé com que oramos, oremos. A fé faz brotar a oração, e a oração, enquanto brota, alcança a firmeza da fé» (Sermo 115).

O Senhor anunciou a Sua assistência à Igreja para que possa cumprir indefectivelmente a sua missão até ao fim dos tempos (cfr Mt 28,20); a Igreja, portanto, não pode desviar-se da verdadeira fé. Porém, nem todos os homens perseverarão fiéis, mas alguns afastar-se-ão voluntariamente da fé. É o grande mistério que São Paulo chama de iniquidade e de apostasia (2Thes 2,3), e que o próprio Jesus Cristo anuncia noutros lugares (cfr Mt 24,12-13). Deste modo o Senhor previne-nos para que, ainda que à nossa volta haja quem desfaleça, nos mantenhamos vigilantes e perseverando na fé e na oração.

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