em Evangelho do dia

39Disse-lhes também uma parábola: Pode um cego guiar a outro cego? Não cairão ambos nalguma cova?

40Não está o discípulo acima do mestre, mas todo o discípulo bem formado ficará como o seu mestre.

41Porque olhas para o argueiro que está no olho de teu irmão, e não reparas na trave que tens no teu? 42Como podes dizer a teu irmão: «irmão, deixa que eu extraia o argueiro que está no teu olho», tu que não vês a trave que tens no teu? Hipócrita, extrai primeiro a trave do teu olho, e então verás bem, para extraíres o argueiro que está no olho de teu irmão.

Comentário

20-49. Estes trinta versículos de São Lucas têm uma certa correspondência com o Sermão da Montanha, que São Mateus expõe por extenso nos capítulos cinco a sete do seu Evangelho. É muito verossímil que Nosso Senhor, ao longo do Seu ministério público pelas diversas regiões e cidades de Israel, tenha pregado as mesmas coisas, ditas de modo diferente, em diversas ocasiões. Cada Evangelista recolheu o que, por inspiração do Espírito Santo, pensava mais conveniente para a instrução dos seus leitores imedia­tos: cristãos procedentes do judaísmo, em Mateus; conver­tidos da gentilidade, em Lucas. Nada impede que um e o outro Evangelista tenham apresentado, segundo as necessi­dades desses leitores, umas ou outras coisas da pregação de Jesus, insistindo nuns aspectos e abreviando ou omitindo outros.

No presente discurso, segundo o texto de Lucas, podem distinguir-se três partes: as Bem-aventuranças e imprecações (6,20-26); o amor aos inimigos (6,27-38); e os ensinamentos sobre a rectidão de coração (6,39-40).

É possível que a não poucos cristãos lhes custe com­preender a necessidade de viver até ao fundo a moral evangélica, especialmente os ensinamentos de Cristo no Sermão da Montanha. As palavras de Jesus são exigentes, mas estão dirigidas a todos, não só aos Apóstolos ou aos discípulos que seguiam o Senhor de perto: diz-se expressamente que «quando Jesus terminou estes discursos, as multidões ficaram admi­radas com a Sua doutrina» (Mt 7,28). É evidente que o Mestre chama a todos à santidade, sem distinção de estado, de raça nem de condição. Esta doutrina do chamamento universal à santidade foi ponto central na pregação de Mons. Escrivá de Balaguer desde 1928.0 Concilio Vaticano II, em 1964, expressou com todo o peso da sua autoridade esta doutrina de que todos somos chamados à santidade cristã; para não citar mais que um só texto, eis as seguintes palavras da Const. Dogm. Lumen gentium, n. 11: «Munidos de tantos e tão grandes meios de salvação, todos os fiéis, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada um por seu caminho».

O que exige Cristo no Sermão da Montanha não é um ideal inatingível que seria útil porque nos faz humildes ao ver a nossa incapacidade. Não. A verdadeira doutrina cristã a este respeito é clara: o que Cristo manda é para que se cumpra e obedeça. Para isto, juntamente com o mandato, outorga a graça para o cumprir. Assim, todo o cristão pode viver a moral pregada por Cristo e atingir a plenitude da sua vocação, isto é, a santidade, não apenas com as suas forças, mas com a graça que Cristo nos ganhou e com o auxílio constante dos meios de santificação que entregou à Sua Igreja. «Se alguém aduz a desculpa de que a debilidade humana o impede de amar a Deus, deve ensinar-se-lhe que Deus, que pede o nosso amor, derramou nos nossos corações a virtude da caridade por meio do Espírito Santo; e o nosso Pai Celeste dá este bom Espírito aos que Lho pedem, como suplicava Santo Agostinho: ‘Concede-me o que mandas e manda o que queiras’. E visto que o auxílio divino está à nossa disposição, especialmente depois da morte de Cristo nosso Senhor, pela qual o príncipe deste mundo foi expulso, ninguém deve atemorizar-se diante da dificuldade do man­dato, porque nada há difícil para o que ama» (Catecismo Romano, III, 1,7).

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