em Evangelho do dia

11Eu sou o bom Pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. 12O que é mercenário e não é pastor, ao qual não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge, enquanto o lobo as arrebata e dispersa, 13porque é mercenário e não se importa com as ovelhas. 14Eu sou o bom Pastor: conheço as que são Minhas e elas conhecem-Me, 15assim como o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai; e Eu dou a vida pelas Minhas ovelhas. 16Tenho ainda outras ovelhas, que não são deste aprisco. A essas, também, tenho Eu de conduzir, e elas hão-de ouvir a Minha voz. Então passará a haver um só rebanho, um só Pastor. 17É por isto que Meu Pai Me ama: por Eu dar a Minha vida, para retomá-la. 18Ninguém Ma tira; sou Eu que a dou por Mim mesmo. Tenho o poder de a dar e o poder de a retomar; foi esta a ordem que recebi de Meu Pai.

Comentário

11-15. «O Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas»: «Fala aqui Jesus — comenta São João Crisóstomo — da Sua Paixão, e mostra que ia acontecer para salvação do mundo, e que a sofreria voluntária e livremente» (Hom. sobre S. João, 59,3). Antes o Senhor falou de pastos abundantes, agora de dar a Sua própria vida: «Fez o que tinha dito — comenta São Gregório —, deu a Sua vida pelas Suas ovelhas, e entregou o Seu Corpo e Sangue no Sacramento para alimentar com a Sua carne as ovelhas que tinha redimido» (In Evangelia homiliae, 14, ad loc.). Os assalariados, pelo contrário, fogem diante do perigo, e deixam que o rebanho se perca. «Quem é o mercenário? O que vê vir o lobo e foge. O que busca a sua glória, não a glória de Cristo; o que não se atreve a reprovar com liberdade de espírito os pecadores (…) porque te calaste; e calaste-te, porque tiveste medo» (In Ioann. Evang., 46,8).

«Recordem-se estes de que o seu ministério sacerdotal (…) está — de modo particular — ordenado para a grande solicitude do Bom Pastor, que é a solicitude pela salvação de todos os homens. E todos devemos recordar bem isto: que não é lícito a nenhum de nós merecer-se o nome de ‘mercenário’, ou seja, de alguém ‘a quem as ovelhas não pertencem’, de alguém que ‘ao ver chegar o lobo, abandona as ovelhas e foge; e assim o lobo as arrebata e dispersa; porque é mercenário, não se preocupa em nada com as ovelhas’. A solicitude de todo o bom Pastor é por que os homens ‘tenham a vida, e a tenham em abundância’, a fim de que nenhum deles se perca, mas tenham a vida eterna. Façamos com que uma tal solicitude penetre profundamente nas nossas almas: procuremos vivê-la. Que ela caracterize a nossa personalidade e esteja sempre na base da nossa identidade sacerdotal» (Carta a todos os sacerdotes, n.° 7)

O Bom Pastor conhece cada uma das suas ovelhas, chama-as pelo seu nome. Nesta comovente figura entrevê-se uma exortação aos futuros pastores da Igreja, como mais tarde explicará São Pedro: «Que apascenteis a grei de Deus posta ao vosso cuidado, velando sobre ela com afectuosa vontade, segundo Deus-, não por sórdido interesse, mas gratuitamente» (1Pet 5,2).

«A santidade da Esposa de Cristo sempre se provou — e continua a provar-se actualmente — pela abundância de bons pastores. Mas a fé cristã, que nos ensina a ser simples, não nos leva a ser ingênuos. Há mercenários que se calam e há mercenários que pregam uma doutrina que não é de Cristo. Por isso, se porventura o Senhor permite que fiquemos às escuras, inclusivamente em coisas de pormenor, se sentimos falta de firmeza na fé, recorramos ao bom pastor, àquele que entra pela porta com toda a legitimidade, àquele que — dando a vida pelos outros — quer ser, na palavra e na conduta, uma alma movida pelo amor; àquele que talvez seja também um pecador, mas que confia sempre no perdão e na misericórdia de Cristo» (Cristo que passa, n.° 34).

  1. «Um só rebanho, um só pastor»: A missão de Cristo é universal ainda que a Sua pregação se dirigisse de facto, numa primeira etapa, às ovelhas da casa de Israel, como Ele mesmo manifestou à mulher cananeia (cfr Mt 15,24), e enviasse os Apóstolos, na sua primeira missão (cfr Mt 1(X6), a pregar aos israelitas. Agora, porém, pensando nos frutos da Sua morte redentora (v. 15), revela que estes se aplicarão a «outras ovelhas que não são deste aprisco», isto é, de Israel. Na verdade, os Apóstolos, depois da Ressurreição, serão enviados por Cristo a todas as gentes (cfr Mt 28,19) para pregar o Evangelho a todas as criaturas (cfr Mc 16,15), começando por Jerusalém e continuando pela Judeia, Samaria e até aos confins da terra (cfr Act 1,8). Deste modo se cumprirão as antigas promessas sobre o reinado universal do Messias (cfr Ps 2,7; Is 2,2-6; 66,17-19). A universalidade da salvação faz exclamar a São Paulo: «Recordai como noutro tempo vós… estáveis longe de Cristo, excluídos da cidadania de Israel e estranhos às alianças da promessa, sem esperança e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vós, os que noutro tempo estáveis longe, tornastes-vos próximos pelo sangue de Cristo» (Eph 2,11-13; cfr Gal 3,27-28; Rom 3,22).

A unidade da Igreja dá-se sob uma só cabeça visível porque «o Senhor confiou todos os bens da nova Aliança — ensina o Concilio Vaticano II — ao único colégio apostólico, a cuja cabeça está Pedro, com o fim de constituir na terra um só Corpo de Cristo. É necessário que a ele se incorporem plenamente todos os que de alguma forma pertencem ao Povo de Deus» (Unitatis redintegratio, n. 3). O desejo constante dos católicos é que todos os homens cheguem à verdadeira Igreja, que sendo «a única grei de Deus, como um sinal levantado entre as nações, peregrina cheia de esperança para a pátria celestial oferecendo o Evangelho da paz a todo o gênero humano» (Ibid., n. 2).

17-18. Jesus explica agora a vontade livre com que Se entrega à morte para bem do Seu rebanho (cfr Ioh 6,51). Cristo, por ter recebido pleno poder, tem liberdade para Se oferecer em sacrifício expiatório, e submete-Se voluntariamente ao mandato do Pai num acto de perfeita obediência.

«Nunca poderemos entender perfeitamente a liberdade de Jesus Cristo, imensa, infinita, como o Seu amor. Mas o tesouro preciosíssimo do Seu generoso holocausto deve levar-nos a pensar: porque me deste, Senhor, este privilégio com que sou capaz de seguir os Teus passos, mas também de Te ofender? E assim acabamos por avaliar o recto uso da liberdade, quando se decide em função do bem; e a sua errada orientação, quando, com essa faculdade, o homem se esquece e se afasta do Amor dos amores» (Amigos de Deus, n.° 26).

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