em Evangelho do dia

7E pregava assim: Depois de mim vem Aquele que é mais forte do que eu, e eu não sou digno de me inclinar para Lhe desatar as correias das sandálias. 8Eu baptizei-vos em água, mas Ele baptizar-vos-á no Espírito Santo. 9Ora sucedeu que, por aqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galileia e foi por João baptizado no Jordão. I0E logo, ao subir da água, viu rasgarem-se os céus e o Espírito, em forma de pomba, descer sobre Ele, 11enquanto dos céus soava uma voz: Tu és o Meu Filho amado; em Ti pus as Minhas complacências.

Comentário

  1. «Baptizar no Espírito Santo» refere-se ao Baptismo que Cristo vai instituir, e marca a sua diferença com o de João. No baptismo de João só era significada a graça, como nos outros ritos do Antigo Testamento. «Pelo Baptismo da Nova Lei os homens são baptizados interiormente pelo Espírito Santo, coisa que só Deus faz. Pelo contrário, pelo baptismo de João só era lavado com água o corpo» (Suma Teológica, III, q. 38, a. 2 ad 1). No Baptismo cristão, instituído por Nosso Senhor, o rito baptismal não só significa a graça, mas causa-a eficazmente, isto é, confere-a.

«O sacramento do Baptismo confere a primeira graça santificante, pela qual é perdoado o pecado original, e também os actuais, se os há; remite toda a pena por eles devida; imprime o caracter de cristãos; faz-nos filhos de Deus, membros da Igreja e herdeiros da glória, e habilita-nos para receber os outros sacramentos» (Catecismo Maior, n° 553).

Como todas as realidades pertencentes à santificação das almas, os efeitos do Baptismo cristão são atribuídos ao Espírito Santo, o «Santificador». Deve advertir-se que, como todas as obras ad extra de Deus (isto é, que são exteriores à vida íntima da Santíssima Trindade), a santificação das almas é obra comum das três Pessoas Divinas.

  1. A vida oculta do Senhor desenvolveu-se (salvo o nascimento em Belém e a estada no Egipto), em Nazaré da Galileia, donde acorre a receber o baptismo de João.

Jesus não tinha por que receber este baptismo de conversão. Não obstante, convinha que quem ia estabelecer a Nova Aliança reconhecesse e aceitasse a missão do Seu Precursor, sendo baptizado com aquele baptismo para mover os homens a prepararem-se e a receber o Baptismo necessário. Os Santos Padres comentam que o Senhor foi receber este baptismo para cumprir toda a justiça (cfr a nota a Mt 3,15), para nos dar exemplo de humildade, para ser conhecido por todos, para que todos cressem n’Ele e para dar força vivificante à água do Baptismo.

«Devem notar-se dois tempos diversos do Baptismo: um, quando o Salvador o instituiu e o outro, quando se estabeleceu a obrigação de o receber. Relativamente ao primeiro, é evidente que Nosso Senhor instituiu este sacramento quando, baptizado Ele próprio por São João, deu à água a virtude de santificar (…). No que diz respeito ao segundo, isto é, ao tempo em que se deu a lei acerca do Baptismo, não há razão para duvidar. Porque estão de acordo os Santos Padres em que foi quando, depois da Ressurreição do Senhor mandou os Apóstolos: Ide, pois, e fazei discípulos a todos os povos, baptizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Catecismo Romano 11,2,20-21).

  1. A presença visível do Espírito Santo em forma de pomba assinala o começo do ministério público de Cristo. Também aparecerá o Espírito Santo, em forma de línguas de fogo, no momento em que a Igreja inicia o seu caminho entre as nações no dia de Pentecostes (cfr Act 2,3-21).

A pomba, segundo á interpretação mais comum nos Santos Padres, é símbolo da paz e da reconciliação entre Deus e os homens. Aparece já no relato do dilúvio (Gen. 8, 10-11), indicando que cessava o castigo divino sobre a humanidade. A sua presença no começo do ministério público de Jesus simboliza a paz e a reconciliação que Cristo vinha trazer.

  1. No momento de começar a vida pública manifesta-se o mistério da Santíssima Trindade: «O Filho é baptizado, o Espírito Santo desce em forma de pomba e ouve-se a voz do Pai» (In Marci Evangelium expositio, ad loc.). «Permanece n’Ele o Espírito Santo — continua o mesmo autor —, não desde que foi baptizado, mas desde que encarnou». Ou seja, Jesus não recebe a Sua filiação divina no momento do baptismo, mas é Filho de Deus desde toda a eternidade. Também não é constituído Messias neste momento, já que o é desde a Encarnação.

O baptismo é a manifestação pública de Jesus como Filho de Deus e como Messias, ratificada com a presença da Santíssima Trindade.

«A descida do Espírito Santo sobre Jesus guarda relação com o sacramento de todos os que depois iam ser baptizados, pois todos os que são baptizados com o Baptismo de Cristo recebem o mesmo Espírito Santo» (Suma Teológica, III, q. 39, a. 6 ad 3).

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