em Evangelho do dia

E Ele, subindo para uma barca, refez a travessia e voltou para a Sua cidade. 2Senão quando, apresentaram-Lhe um paralítico estendido num leito. Vendo Jesus a sua fé, disse ao paralítico: Tem confiança, filho, os teus pecados estão perdoados. 3Pelo que alguns Escribas disseram de si para consigo: Este blasfema. 4Jesus, que lhes via os pensamentos, disse: Para que pensais mal em vossos corações? 5Qual é mais fácil, dizer: «os teus pecados estão perdoados», ou dizer: «levanta-te e anda»? 6Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra poder para perdoar pecados, — aqui diz ao paralítico: levanta-te! toma o teu leito e vai para tua casa. 7Ele levantou-se e foi para casa. 8Vendo isto, a multidão, cheia de temor, glorificou a Deus, que deu tal poder aos homens.

Comentário

  1. Como se pode ver por Mt 4, 13 e Mc 2, 1, trata-se de Cafarnaum.

2-6. O doente e os que o levam pedem a Jesus a cura do corpo, movidos pela fé nos Seus poderes sobrenaturais. Nosso Senhor, como noutros milagres, interessa-se mais pelo remédio das causas profundas do mal, isto é, o pecado. Na Sua grandeza divina, dá mais do que Lhe é pedido, ainda que a limitação humana não o saiba apreciar. Diz São Tomás que Jesus Cristo faz como o bom médico: cura a causa da doença (cfr Comentário sobre S. Mateus, 9,1-6).

  1. A leitura do passo paralelo de São Marcos conservou-nos um pormenor que nos ajuda a entender melhor a cena e que, em concreto, explica a expressão «a sua fé»: em Mc 2, 2-5 conta-se-nos que foi tanta a aglomeração de gente à volta de Jesus, que não podiam aproximar-se d’Ele com a enxerga do paralítico. Perante isto, tiveram a feliz ideia de subir ao alto da casa e dependurar a enxerga com o paralítico, abrindo um buraco pelo tecto leve, diante donde estava Jesus. Assim se explica a frase «vendo Jesus a sua fé».

O Senhor fica gratamente impressionado por tal audácia, fruto de uma fé operativa que não se detém perante os obstáculos. Por sua vez, esta simpática ousadia ilustra o modo prático de viver a caridade e como Jesus Se sente inclinado para aqueles que se preocupam sinceramente com os outros; curou o paralítico por ocasião da intrepidez dos seus amigos e parentes, da qual também participava o próprio doente, que não teve medo nesta acção arriscada.

São Tomás comenta assim o versículo: «Este simboliza o pecador que jaz no pecado; assim como o paralítico não se pode mover, também o pecador não pode valer-se por si mesmo. Os que levam Q paralítico representam os que com os seus conselhos conduzem o pecador para Deus» (Comentário sobre S. Mateus, 9,2). Para aproximar-se de Jesus é necessário também ser santamente audazes e atrevidos, como vemos que o foram os santos. O que não actua assim nunca tomará decisões importantes na sua vida de cristão.

3-7. Aqui «dizer» significa evidentemente «dizer com verdade», «dizer eficazmente, realizando o que se expressa». O Senhor argumenta desta forma: Qual destas duas coisas é mais fácil, sarar o corpo de um paralítico, ou perdoar os pecados da alma? Não há dúvida que curar um paralítico; pois a alma é mais excelente que o corpo e por isso as doenças daquela são mais difíceis de curar que as deste. Não obstante, a cura da alma é uma coisa oculta, enquanto a do corpo é visível e patente. Jesus demonstra a verdade do que está oculto pelo que aparece manifesto.

Por outro lado, os judeus pensavam que todas as doenças eram efeito de pecados pessoais (cfr Ioh 9,1-3); assim quando ouviram dizer ao Senhor «os teus pecados estão perdoados», faziam internamente este raciocínio: só Deus pode perdoar os pecados (cfr Lc 5, 21); este homem diz que tem poder para os perdoar; logo está a usurpar a Deus um poder que é «exclusivamente Seu; portanto é um blasfemo. Mas o Senhor sai-lhes ao encontro partindo dos seus próprios princípios: ao curar o paralítico só com a Sua palavra faz-lhes ver que, visto que tem poder para curar os efeitos do pecado — segundo eles julgavam —, tem também poder para curar a causa, isto é, o pecado; por conseguinte tem poder divino.

Jesus Cristo transmitiu o poder de perdoar os pecados aos apóstolos e aos seus sucessores no ministério sacerdotal: Recebei o Espírito Santo; àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes; ser-lhes-ão retidos» (Ioh 20, 22-23). «Garanto-vos que tudo o que ligardes na terra ficará ligado no Céu, e tudo o que desligardes na terra, ficará desligado no Céu» (Mt 18,18). Os sacerdotes exercem o poder do perdão dos pecados no Sacramento da Penitência não em virtude própria, mas em nome de Cristo — in persona Christi — como instrumentos nas mãos do Senhor.

Daqui o respeito, veneração e agradecimento com que devemos aproximar-nos da Confissão: no sacerdote devemos ver o próprio Cristo, Deus, e receber as palavras da absolvição com a fé firme de que é o próprio Cristo quem as diz pela boca do sacerdote. Por esta razão, o ministro não diz: «Cristo te absolva…», mas «eu te absolvo dos teus pecados…», na primeira pessoa, numa identificação plena com o próprio Jesus Cristo (cfr Catecismo Romano, II, 5,10).

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