em Evangelho do dia

Dia 7 de dezembro

Lc 5, 17-26

17Num daqueles dias, estava Ele a ensinar, e achavam-se ali sentados Fariseus e doutores da Lei, que tinham vindo de todas as povoações da Galileia, da Judeia e de Jerusalém; e o poder do Senhor levava-O a operar curas. 18Surgiram uns homens que traziam, num catre, certo homem que estava com uma paralisia, e procuravam introduzi-lo e colocá-lo diante d’Ele. 19Não achando por onde introduzi-lo devido à multidão, subiram ao telhado e desceram-no através das telhas com a enxerga, para o meio, em frente de Jesus. 20Vendo a fé deles, disse Jesus: Homem, estão perdoados os teus pecados! 21Começaram os Escribas e os Fariseus a discorrer, dizendo consigo: Quem é Este que profere blasfêmias? Quem pode perdoar pecados senão só Deus? 22Mas Jesus, penetrando-lhes os pensamentos, tomou a palavra e disse-lhes: Que estais a pensar no vosso íntimo? 23Que é mais fácil, dizer: “estão-te perdoados os teus pecados”, ou dizer: “levanta-te e anda”? 24Pois bem, para que saibais que o Filho do homem tem, na Terra, o poder de perdoar pecados… Eu to digo – disse Ele ao paralítico – levanta-te e, tomando a tua enxerga, vai para casa. 25Imediatamente se ergueu à vista deles e, tomando a enxerga em que estivera deitado, retirou-se para sua casa, glorificando a Deus. 26Ficaram todos estupefactos e glorificavam a Deus, dizendo, cheios de temor: Vimos hoje maravilhas.

Comentário

17. Pouco antes Jesus, junto ao lago, dirigiu-Se à multidão do povo para os ensinar (vv. 1 ss.). Agora são os mais instruídos de Israel que estão presentes enquanto Jesus ensina. A vontade de Cristo era não só ensinar mas curar todos os homens na alma e – por vezes – também no corpo, como efectivamente fará com o paralítico. A observação que faz o Evangelista no fim deste versículo fala-nos de que o Senhor está disposto a empregar a Sua omnipotência para o nosso bem: “Eu tenho pensamentos de paz e não de aflição, declarou Deus pela boca do profeta Jeremias (XXIX, 11). A Liturgia aplica estas palavras a Jesus, porque n’Ele se nos manifesta com toda a clareza que é assim que Deus nos ama. Não vem condenar-nos; não vem para nos lançar em rosto a nossa indigência ou a nossa mesquinhez; vem salvar-nos, perdoar-nos, desculpar-nos, trazer-nos a paz e a alegria” (Cristo que passa, n° 165). Nesta ocasião Jesus Cristo queria beneficiar também as pessoas que O escutavam, ainda que nem todas de facto recebessem este dom divino, por falta de boas disposições.

19-20. O Senhor comove-Se pela fé dos que transportam o paralítico demonstrada com obras: tinham subido ao tecto, tinham tirado parte do telhado que cobria a casa e, pelo buraco aberto, tinham descido a enxerga até ao lugar onde estava Jesus. Unem a amizade com a fé numa cura miraculosa. Com a mesma fé o doente tinha-se deixado mover, transportar, subir e descer. Jesus, ao ver uma fé tão firme e decidida, faz muito mais do que esperavam: cura o corpo e, antes de mais nada, a alma. Quiçá, sugere São Beda (cfr In Lucae Evangelium expositio, ad loc.), para demonstrar duas coisas: que a doença era um castigo das suas culpas e por isso o paralítico só podia levantar-se depois de lhe terem sido perdoados os seus pecados; e que a fé e a oração dos outros podem conseguir de Deus grandes milagres.

O paralítico representa, de algum modo, todo o homem que os pecados impedem de chegar até Deus. Por isso diz Santo Ambrósio: “Que grande é o Senhor, que pelos méritos de alguns perdoa aos outros, e que enquanto louva os primeiros absolve os segundos! (…). Aprende, tu que julgas, a perdoar; aprende, tu que estás doente, a implorar perdão. E se a gravidade dos teus pecados te faz duvidar de poder receber o perdão, recorre a uns intercessores, recorre à Igreja, que rezará por ti, e o Senhor conceder-te-á, por amor d’Ela, o que a ti te poderia negar” (Expositio Evangelii sec. Lucam, ad loc.).

A tarefa apostólica há-de ser movida pelo afã de ajudar os homens a encontrar Jesus Cristo. Para isso, entre outras coisas, requer-se a audácia, como vemos nos amigos do paralítico; e também a poderosa intercessão dos santos, a quem recorremos confiados em que o Senhor os ouvirá melhor do que a nós pecadores.

24. O Senhor vai realizar um milagre visível para manifestar o poder invisível de que está dotado. Cristo, Filho Unigénito do Pai, tem o poder de perdoar os pecados porque é Deus, e exerce-o em favor de nós como Mediador e Redentor (Lc 22,20; Ioh 20,17-18.28; l Tim 2,5-6; Col 2,13-14; Heb 9,14; l Ioh 1,9-2,2; Is 53,4-5). Jesus Cristo fez uso deste poder pessoalmente enquanto viveu, na terra e, depois de ter subido ao Céu, através dos Apóstolos e dos seus sucessores.

O pecador é como o paralítico diante de Deus. O Senhor vai livrá-lo da sua paralisia, perdoando-lhe os pecados e fazendo-o andar ao dar-lhe de novo a graça. No sacramento da Penitência Jesus Cristo “se nos vir frios, desalentados, talvez com a rigidez de uma vida interior que se está a extinguir, o Seu pranto será vida para nós: Eu te ordeno, meu amigo, levanta-te e anda (cfr Ioh XI, 43; Lc V, 24), deixa essa vida mesquinha, que não é vida” (Cristo que passa, n° 93).

Dia 8 de dezembro

Lc 1, 26-38

26Ao sexto mês, foi o Anjo Gabriel enviado, da parte de Deus, a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, 27a uma virgem que era noiva dum homem da casa de David, chamado José, e o nome da virgem era Maria. 28Ao entrar para junto dela, disse o Anjo: Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo. 29A estas palavras, ela perturbou-se e ficou a pensar que saudação seria aquela. 30Disse-lhe o Anjo: Não tenhas receio, Maria, pois achaste graça diante de Deus. 31Hás-de conceber e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus. 32Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo; dar-Lhe-á o Senhor Deus o trono de Seu pai David, 33reinará eternamente na casa de Jacob e o Seu reinado não terá fim.

34Disse Maria ao Anjo: Como será isso, se eu não conheço homem? 35Disse-lhe o Anjo, em resposta: Virá sobre ti o Espírito Santo, e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a Sua sombra. Por isso mesmo é que o Santo que vai nascer há-de chamar-Se Filho de Deus. 36E também Isabel, tua parenta, concebeu um filho, na sua velhice, e é este o sexto mês dessa que chamavam estéril, 37porque, da parte de Deus, nada é impossível. 38Maria disse então: Eis a escrava do Senhor: seja-me feito segundo a tua palavra. E retirou-se o Anjo de junto dela.

Comentário

26-38. Aqui contemplamos Nossa Senhora que, “enriquecida, desde o primeiro instante da sua conceição, com os esplendores duma santidade singular, a Virgem de Nazaré é saudada pelo Anjo, da parte de Deus, como cheia de graça (cfr Lc 1,28); e responde ao mensageiro celeste: Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc l ,38). Deste modo, Maria, filha de Adão, dando o seu consentimento à palavra divina, tornou-se Mãe de Jesus e, não retida por qualquer pecado, abraçou de todo o coração o desígnio salvador de Deus, consagrou-se totalmente, como escrava do Senhor, à pessoa e à obra de seu Filho, subordinada a Ele e juntamente com Ele, servindo pela graça de Deus omnipotente o mistério da Redenção. Por isso, consideram com razão os santos Padres que Maria não foi utilizada por Deus como instrumento meramente passivo, mas que cooperou livremente, pela sua fé e obediência, na salvação dos homens” (Lumen gentium, n. 56).

A Anunciação a Maria e a Encarnação do Verbo é o facto mais maravilhoso, o mistério mais entranhável das relações de Deus com os homens e o acontecimento mais transcendente da História da humanidade. Que Deus Se faça Homem e para sempre! Até onde chegou a bondade, a misericórdia e o amor de Deus por nós, por todos nós! E, não obstante, no dia em que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade assumiu a débil natureza humana das entranhas puríssimas de Maria Santíssima, nada extraordinário acontecia, aparentemente, sobre a face da terra.

Com grande simplicidade narra São Lucas o magno acontecimento. Com quanta atenção, reverência e amor temos de ler estas palavras do Evangelho, rezar piedosamente o Angelus cada dia, seguindo a divulgada devoção cristã, e contemplar o primeiro mistério gozoso do santo Rosário.

27. Deus quis nascer de uma mãe virgem. Assim o tinha anunciado séculos antes por meio do profeta Isaías (cfr Is 7,14; Mt 1,22-23). Deus, “desde toda a eternidade, escolheu-A e indicou-A como Mãe para que o Seu Unigênito Filho tomasse carne e nascesse d’Ela na plenitude ditosa dos tempos; e em tal grau A amou por cima de todas as criaturas, que só n’Ela se comprazeu com assinaladíssima complacência” (Ineffabilis Deus). Este privilégio de ser virgem e mãe ao mesmo tempo, concedido a Nossa Senhora, é um dom divino, admirável e singular. Deus “engrandeceu tanto a Mãe na concepção e no nascimento do Filho, que Lhe deu fecundidade e A conservou em perpétua virgindade” (Catecismo Romano, I,4,8). Paulo VI recordava-nos novamente esta verdade de fé: “Cremos que a bem-aventurada Maria, que permaneceu sempre Virgem, foi a Mãe do Verbo encarnado, Deus e Salvador nosso Jesus Cristo” (Credo do Povo de Deus, n° 14).

Ainda que se tenham proposto muitos significados do nome de Maria, os autores de maior relevância parecem estar de acordo em que Maria significa Senhora. Não obstante, a riqueza que contém o nome de Maria não se esgota com um só significado.

28. “Salve!”: Literalmente o texto grego diz: alegra-te! É claro que se trata de uma alegria totalmente singular pela notícia que Lhe vai comunicar a seguir.

“Cheia de graça”: O Arcanjo manifesta a dignidade e a honra de Maria com esta saudação desusada. Os Padres e Doutores da Igreja “ensinaram que com esta singular e solene saudação, jamais ouvida, se manifestava que a Mãe de Deus era assento de todas as graças divinas e que estava adornada de todos os carismas do Espírito Santo”, pelo que “jamais esteve sujeita a maldição”, isto é, esteve imune de todo o pecado. Estas palavras do arcanjo constituem um dos textos em que se revela o dogma da Imaculada Conceição de Maria (cfr Ineffabilis Deus; Credo do Povo de Deus, n° 14).

“O Senhor está contigo”: Estas palavras não têm um mero sentido deprecatório (o Senhor esteja contigo), mas afirmativo (o Senhor está contigo), e em relação muito estreita com a Encarnação. Santo Agostinho glosa a frase “o Senhor está contigo” pondo na boca do arcanjo estas palavras: “Mais que comigo, Ele está no teu coração, forma-Se no eu ventre, enche a tua alma, está no teu seio” (Sermo de Nativitate Domini, 4).

Alguns importantes manuscritos gregos e versões antigas acrescentam no fim: “Bendita tu entre as mulheres”: Deus exaltá-La-ia assim sobre todas as mulheres. Mais excelente que Sara, Ana, Débora, Raquel, Judit, etc., pelo facto de que só Ela tem a suprema dignidade de ter sido escolhida para ser Mãe de Deus.

29-30. Perturbou-se Nossa Senhora pela presença do Arcanjo e pela confusão que produzem nas pessoas verdadeiramente humildes os louvores dirigidos a elas.

30. A Anunciação é o momento em que Nossa Senhora conhece com clareza a vocação a que Deus A tinha destinado desde sempre. Quando o Arcanjo A tranqüiliza e Lhe diz “não temas, Maria”, está a ajudá-La a superar esse temor inicial que, ordinariamente, se apresenta em toda a vocação divina. O facto de que isto tenha acontecido à Santíssima Virgem indica-nos que não há nisso nem sequer imperfeição: é uma reacção natural diante da grandeza do sobrenatural. Imperfeição seria não o superar, ou não nos deixarmos aconselhar por aqueles que, como São Gabriel e Nossa Senhora, podem ajudar-nos.

31-33. O arcanjo Gabriel comunica à Santíssima Virgem a sua maternidade divina, recordando as palavras de Isaías que anunciavam o nascimento virginal do Messias e que agora se cumprem em Maria Santíssima (cfr Mt 1,22-23; Is 7,14).

Revela-se que o Menino será “grande”: a grandeza vem-Lhe da Sua natureza divina, porque é Deus, e depois da Encarnação não deixa de sê-lo, mas assume a pequenez da humanidade. Revela-se também que Jesus será o Rei da dinastia de David, enviado por Deus segundo as promessas de Salvação; que o Seu Reino “não terá fim”: porque a Sua humanidade permanecerá para sempre indissoluvelmente unida à Sua divindade; que “chamar-se-á Filho do Altíssimo”: indica ser realmente Filho do Altíssimo e ser reconhecido publicamente como tal, isto é, o Menino será o Filho de Deus.

No anúncio do Arcanjo evocam-se, pois, as antigas profecias que anunciavam estas prerrogativas. Maria, que conhecia as Escrituras Santas, entendeu claramente que ia ser Mãe de Deus.

34-38. O Papa João Paulo II comentava assim este passo: “Virgo fidelis, Virgem fiel. Que significa esta fidelidade de Maria? Quais são as dimensões dessa fidelidade? A primeira dimensão chama-se busca. Maria foi fiel, antes de mais, quando com amor se pôs a buscar o sentido profundo do desígnio de Deus n’Ela e para o mundo. ‘Quomodo fiet? Como acontecerá isto?‘, perguntava Ela ao anjo da Anunciação (…). Não haverá fidelidade se não houver na raiz esta ardente, paciente e generosa busca (…).

A segunda dimensão da fidelidade chama-se acolhimento, aceitação. O quomodo fiet transforma-se, nos lábios de Maria, em um fiat. Que se faça, estou pronta, aceito: este é o momento crucial da fidelidade, momento em que o homem percebe que jamais compreenderá totalmente o como; que há no desígnio de Deus mais zonas de mistério que de evidência; que, por mais que faça, jamais conseguirá captar tudo (…).

Coerência é a terceira dimensão da fidelidade. Viver de acordo com o que se crê. Ajustar a própria vida ao objecto da própria adesão. Aceitar incompreensões, perseguições antes que permitir rupturas entre o que se vive e o que se crê: esta é a coerência (…).

Mas toda a fidelidade deve passar pela prova mais exigente: a da duração. Por isso a quarta dimensão da fidelidade é a constância. É fácil de ser coerente por um dia ou por alguns dias. Difícil e importante é ser coerente toda a vida. É fácil de ser coerente na hora da exaltação, difícil sê-lo na hora da tribulação. E só pode chamar-se fidelidade uma coerência que dura ao longo de toda a vida. O fiat de Maria na Anunciação encontra a sua plenitude no fiat silencioso que repete aos pés da cruz” (Homilia Catedral México).

34. A fé de Maria nas palavras do Arcanjo foi absoluta; não duvida como duvidou Zacarias (cfr 1,18). A pergunta da Santíssima Virgem “como será isso” exprime a sua prontidão para cumprir a Vontade divina diante de uma situação que parece à primeira vista contraditória: por um lado Ela tinha a certeza de que Deus lhe pedia para conservar a virgindade; por outro lado, também da parte de Deus, é-lhe anunciado que vai ser mãe. As palavras imediatas do arcanjo declaram o mistério do desígnio divino e o que parecia impossível, segundo as leis da natureza, explica-se por uma singularíssima intervenção de Deus.

O propósito de Maria de permanecer virgem foi certamente algo singular, que interrompia o modo ordinário de proceder dos justos do Antigo Testamento, no qual, como expõe Santo Agostinho, “atendendo de modo particularíssimo à propagação e ao crescimento do Povo de Deus, que era o que tinha de profetizar e donde havia de nascer o Príncipe e Salvador do mundo, os santos tiveram de usar do bem do matrimônio” (De bono matrimonii, 9,9). Houve, porém, no Antigo Testamento alguns homens que por desígnio de Deus permaneceram célibes, como Jeremias, Elias, Eliseu e João Baptista. A Virgem Santíssima, inspirada de modo muito particular pelo Espírito Santo para viver plenamente a virgindade, é já uma primícia do Novo Testamento, no qual a excelência da virgindade sobre o matrimônio adquirirá todo o seu valor, sem diminuir a santidade da união conjugal, que é elevada à dignidade de sacramento (cfr Gaudium et spes, n. 48).

35. A “sombra” é um símbolo da presença de Deus. Quando Israel caminhava pelo deserto, a glória de Deus enchia o Tabernáculo e uma nuvem cobria a Arca da Aliança (Ex 40,34-36). De modo semelhante quando Deus entregou a Moisés as tábuas da Lei, uma nuvem cobria a montanha do Sinai (Ex 24,15-16), e também na Transfiguração de Jesus se ouve a voz de Deus Pai no meio de uma nuvem (Lc 9,35).

No momento da Encarnação o poder de Deus enroupa com a Sua sombra Nossa Senhora. É a expressão da acção omnipotente de Deus. O Espírito de Deus – que, segundo o relato do Gênesis (1,2), pairava sobre as águas dando vida às coisas – desce agora sobre Maria. E o fruto do seu ventre será obra do Espírito Santo. A Virgem Maria, que foi concebida sem mancha de pecado (cfr Ineffabilis Deus), fica depois da Encarnação constituída em novo Tabernáculo de Deus. Este é o Mistério que recordamos todos os dias na recitação do Angelus.

38. Uma vez conhecido o desígnio divino, Nossa Senhora entrega-se à Vontade de Deus com obediência pronta e sem reservas. Dá-se conta da desproporção entre o que vai ser – Mãe de Deus – e o que é – uma mulher -. Não obstante, Deus o quer e nada é impossível para Ele, e por isto ninguém é capaz de pôr dificuldades ao desígnio divino. Daí que, juntando-se em Maria a humildade e a obediência, pronunciará o sim ao chamamento de Deus com essa resposta perfeita: “Eis a escrava do Senhor, seja-me feito segundo a tua palavra”.

“Ao encanto destas palavras virginais, o Verbo se fez carne” (Santo Rosário, primeiro mistério gozoso). Das puríssimas entranhas da Santíssima Virgem, Deus formou um corpo, criou do nada uma alma, e a este corpo e alma uniu-Se o Filho de Deus; desta sorte o que antes era apenas Deus, sem deixar de o ser, ficou feito homem. Maria já é Mãe de Deus. Esta verdade é um dogma da nossa santa fé definido no Concilio de Éfeso (ano 431). Nesse mesmo instante começa a ser também Mãe espiritual de todos os homens. O que um dia ouvirá de lábios de seu Filho moribundo, “eis aí o teu filho (…), eis aí a tua mãe” (Ioh 19,26-27), não será senão a proclamação do que silenciosamente tinha acontecido em Nazaré. Assim, “com o seu fiat generoso converteu-se, por obra do Espírito, em Mãe de Deus e também em verdadeira Mãe dos vivos, e converteu-se também, ao acolher no seu seio o único Mediador, em verdadeira Arca da Aliança e verdadeiro Templo de Deus” (Marialis cultus, n. 6).

O Evangelho faz-nos contemplar a Virgem Santíssima como exemplo perfeito de pureza (“não conheço homem”); de humildade (“eis a escrava do Senhor”); de candura e simplicidade (“como será isso”); de obediência e de fé viva (“seja-me feito segundo a tua palavra”). “Procuremos aprender, seguindo também o seu exemplo de obediência a Deus, numa delicada combinação de submissão e de fidalguia. Em Maria, nada existe da atitude das virgens néscias, que obedecem, sim, mas como insensatas. Nossa Senhora ouve com atenção o que Deus quer, pondera aquilo que não entende, pergunta o que não sabe. Imediatamente a seguir, entrega-se sem reservas ao cumprimento da vontade divina: eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Vossa palavra (Lc I, 38). Vedes esta maravilha? Santa Maria, mestra de toda a nossa conduta, ensina-nos agora que a obediência a Deus não é servilismo, não subjuga a consciência, pois nos move interiormente a descobrir a liberdade dos filhos de Deus (cfr Rom VIII, 21)” (Cristo que passa, n° 173).

Dia 9 de dezembro

Mt 11, 28-30

28Vinde a Mim todos os que andais afadigados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei. 29Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas, 30pois o Meu jugo é suave, e a Minha carga é leve.

Comentário

28-30. O Senhor chama para Si todos os homens, pois andamos sob o peso das nossas fadigas, lutas e tribulações. A história das almas mostra a verdade destas palavras de Jesus. Só o Evangelho apaga a sede de verdade e de justiça que desejam os corações sinceros. Só Nosso Senhor, o Mestre – e aqueles a quem Ele dá o Seu poder -, pode apaziguar o pecador ao dizer-lhe “os teus pecados te são perdoados” (Mt 9, 2). Neste sentido ensina o Papa Paulo VI: “Jesus diz agora e sempre: ‘Vinde a Mim todos os que andais afadigados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei’. Efectivamente Jesus está numa atitude de convite, de conhecimento e de compaixão por nós; mais ainda, de oferecimento, de promessa, de amizade, de bondade; de remédio para os nossos males, de confortador, e ainda mais, de alimento, de pão, de fonte de energia e de vida” (Homilia Corpus Christi).

“Vinde a Mim”: O Mestre dirige-Se às multidões que O seguem, “maltratadas e abatidas, como ovelhas sem pastor” (Mt 9, 36). Os fariseus sobrecarregavam-nas com minuciosas práticas insuportáveis (cfr Act 15, 10), que em troca não lhes davam a paz do coração. Pelo contrário, Jesus fala àquelas gentes e também a nós do Seu jugo e da Sua carga: “Qualquer outra carga te oprime e esmaga, mas a carga de Cristo alivia-te o peso. Outra carga qualquer tem peso, mas a de Cristo tem asas. Se a um pássaro lhe tiras as asas, parece que o alivias do peso, mas quanto mais lhe tires este peso, tanto mais o atas à terra. Vês no solo aquele que quiseste aliviar de um peso; restitui-lhe o peso das suas asas e verás como voa” (Santo Agostinho, Sermo 126). Com um pouco de experiência na intimidade pessoal com o Senhor, compreendemos que nos diga que “o Meu jugo é suave e a Minha carga é leve”. “Como se dissesse: todos os que andais atormentados, aflitos e carregados com a carga dos vossos cuidados e apetites, saí deles, vindo a Mim, e Eu vos recrearei e achareis para as vossas almas o descanso que vos tiram os vossos apetites” (Subida ao Monte Carmelo, liv. I, cap. 7, n.° 4).

Dia 10 de dezembro

Mt 11, 11-15

11Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu nenhum maior que João Baptista; contudo, o mais pequeno no Reino dos Céus é maior do que ele. 12Desde os dias de João Baptista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e os violentos arrebatam-no. 13Porque todos os profetas e a Lei profetizaram até João. 14E, se quereis compreender, ele é Elias, o que há-de vir. 15Quem tem ouvidos, oiça.

Comentário

11. Com João encerra-se o AT e chega-se ao umbral do Novo. A dignidade do Precursor está em apresentar Cristo, em dá-lo a conhecer aos homens. Deus tinha-lhe conferido a alta missão de preparar os seus contemporâneos para escutar o Evangelho. A fidelidade do Baptista é reconhecida e proclamada por Jesus. Este elogio é um prêmio para a humildade de João, que, consciente da sua missão, tinha dito: “É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (Ioh 3, 30).

São João Baptista é o maior no sentido de que recebeu um ministério único e incomparável dentro da ordem do Antigo Testamento. Pelo contrário, no Reino dos Céus (Novo Testamento), inaugurado por Cristo, o dom divino da graça faz que o mais pequeno dos que a recebem com uma fiel correspondência, seja maior que o maior na ordem precedente da promessa. Uma vez consumada a obra da Redenção, a graça divina atinge igualmente os justos da Antiga Aliança. Assim a grandeza de João Baptista, Precursor e último dos Profetas, fica sublimada com a dignidade de filho de Deus.

12. “O Reino dos Céus sofre violência”: Desde que João Baptista anuncia Cristo já presente, os poderes do inferno redobram o seu assalto desesperado, que se prolonga ao longo de todo o tempo da Igreja (cfr Eph 6,12). A situação aqui descrita parece ser: os chefes do povo judaico e os seus cegos seguidores, esperavam o Reino de Deus como aqueles que esperam uma herança merecida; mas enquanto eles repousam nos seus pretensos direitos e méritos de raça, outros, os esforçados (literalmente: salteadores), apoderar-se-ão dele como por assalto, pela força, em luta contra os inimigos da alma: mundo, demônio e carne.

“Essa força não se manifesta na violência contra os outros; é fortaleza para combater as nossas debilidades e misérias, valentia para não mascarar as nossas infidelidades, audácia para confessar a fé, mesmo quando o ambiente é contrário” (Cristo que passa, n° 82).

Tal atitude é a própria daqueles que lutando contra as suas paixões, fazendo-se violência a si mesmos, alcançam o Reino dos Céus, e participam da união com Cristo. Come afirma Clemente de Alexandria: “O Reino dos Céus não pertence aos que dormem e vivem dando-se todos os gostos mas aos que lutam contra si mesmos”… (Quis dives salvetur, 21).

14. João Baptista é Elias, não em pessoa, mas na missão (cfr Mt 17,10-13; Mc 9,10-12).

Dia 11 de dezembro

Mt 11, 16-19

16Mas a quem hei-de Eu comparar esta geração? É semelhante a crianças que, no meio das praças, gritam aos companheiros:

17“Tocamos flauta e não dançastes; entoamos lamentações e não chorastes”.

18Com efeito, veio João, que não comia nem bebia, e dizem: “É um endemoninhado”. 19Veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizem: “Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e dos pecadores”. Mas a Sabedoria foi justificada pelas suas obras.

Comentário

16-19. Com a alusão a alguma canção popular ou a um jogo das crianças de então, Jesus censura os homens que resistem a reconhecê-Lo pela sem-razão das suas desculpas. Desde o princípio da história humana o Senhor esforçou-Se por atrair todos a Si: “Que devia fazer pela minha vinha que não tenha feito?” (Is 5,4). A resposta dos homens foi com freqüência de rejeição: “Por que é que, esperando eu que desse uvas, apenas produziu agraços?” (Is 5,4).

Condena também o Senhor a maledicência: pode haver quem, para justificar a sua actuação, veja pecado onde só há virtude. “Quando descobrem claramente o bem – escreve São Gregório Magno -, esquadrinham para examinar se há, além disso, algum mal oculto” (Moralia, 6,22). O jejum do Baptista é interpretado por eles como obra do demônio; a Jesus, porém, chamam-Lhe glutão. O Evangelista não tem reparo em referir as acusações e calúnias que se disseram contra o Senhor. De outro modo não teríamos nem sequer imaginado a malícia dos homens que se assanharam com Aquele que passou pelo mundo fazendo o bem (Act 10,38). Noutras ocasiões o próprio Jesus advertiu os Seus discípulos de que seriam tratados como Ele (Ioh 15,20). As obras de Jesus e de João Baptista atestam que um e o outro, respectivamente, levam a cabo o que a sabedoria divina tinha determinado para a salvação dos homens: o facto de que alguns não o reconheçam não vai impedir que se cumpram os planos de Deus.

Dia 12 de dezembro

Lc 1, 39-47

39Por aqueles dias, pôs-se Maria a caminho e dirigiu-se à pressa para a serra, em direcção a uma cidade de Judá. 40Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. 41Apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, saltou-lhe o menino no seio; Isabel ficou cheia do Espírito Santo 42e, erguendo a voz, num grande brado, exclamou: Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre. 43E donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? 44Pois, logo que me chegou aos ouvidos o eco da tua saudação, saltou de alegria o menino no meu seio. 45Feliz daquela que acreditou que teriam cumprimento as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor!

46Maria disse então:

“A minha alma enaltece ao Senhor,

47e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador”

Comentário

39-56. Contemplamos este episódio da visitação de Nossa Senhora a sua prima Santa Isabel no segundo mistério gozoso do santo Rosário:

“(…) Acompanha alegremente José e Santa Maria… e ficarás a par das tradições da Casa de David. (…) Caminhamos apressadamente em direcção às montanhas, até uma aldeia da tribo de Judá (Lc I,39).

Chegamos. – É a casa onde vai nascer João Baptista.

– Isabel aclama, agradecida, a Mãe do Redentor: Bendita és tu entre todas as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!

A que devo eu tamanho bem, que venha visitar-me a Mãe do meu Senhor? (Lc I, 42-43).

O Baptista, ainda por nascer, estremece… (Lc I,41). A humildade de Maria derrama-se no Magnificat… – E tu e eu, que somos – que éramos – uns soberbos, prometemos ser humildes” (Santo Rosário, segundo mistério gozoso).

39. Nossa Senhora ao conhecer pela revelação do anjo a necessidade em que se achava a sua prima Santa Isabel, próxima já do parto, apressa-se a prestar-lhe ajuda, movida pela caridade. A Santíssima Virgem não repara em dificuldades. Embora não saibamos o lugar exacto onde se achava Isabel (hoje supõe-se que é Ayn Karim), em qualquer caso o trajeto desde Nazaré até à montanha da Judéia supunha na antiguidade uma viagem de quatro dias.

Este facto da vida da Santíssima Virgem tem um claro ensinamento para os cristãos: devemos aprender d’Ela a solicitude pelos outros. “Não podemos conviver fílialmente com Maria e pensar apenas em nós mesmos, nos nossos problemas. Não se pode tratar com a Virgem e ter, egoisticamente, problemas pessoais” (Cristo que passa, n° 145).

42. Comenta São Beda que Isabel bendiz Maria com as mesmas palavras usadas pelo Arcanjo “para que se veja que deve ser honrada pelos anjos e pelos homens e que com razão se deve antepor a todas as mulheres” (In Lucae Evangelium expositio, ad loc.).

Na recitação da Ave Maria repetimos estas saudações divinas com as quais nos alegramos com Maria Santíssima pela sua excelsa dignidade de Mãe de Deus e bendizemos o Senhor e agradecemos-Lhe ter-nos dado Jesus Cristo por meio de Maria” (Catecismo Maior, n° 333).

43. Isabel, ao chamar a Maria “mãe do meu Senhor”, movida pelo Espírito Santo, manifesta que a Virgem Santíssima é Mãe de Deus.

44. São João Baptista, ainda que tenha sido concebido em pecado – o pecado original – como os outros homem, todavia, nasceu sem ele, porque foi santificado nas entranhas de sua mãe Santa Isabel pela presença de Jesus Cristo (então no seio de Maria) e da Santíssima Virgem. Ao receber este benefício divino São João manifesta a sua alegria saltando de gozo no seio materno. Estes factos foram o cumprimento da profecia do arcanjo São Gabriel (cfr. Lc 1,15).

São João Crisóstomo admirava-se na contemplação desta cena do Evangelho: “Vede que novo e admirável é este mistério. Ainda não saiu do seio e já fala mediante saltos, ainda não lhe é permitido clamar e já é escutado pelos factos (…); ainda não vê a luz e já indica qual é o Sol; ainda não nasceu e já se apressa a fazer de Precursor. Estando presente o Senhor não se pode conter nem suporta esperar os prazos da natureza, mas procura romper o cárcere do seio materno e busca dar testemunho de que o Salvador está prestes a chegar” (Sermo apud Metaphr, mense Julio).

45. Adiantando-se ao coro de todas as gerações vindouras, Isabel, movida pelo Espírito Santo, proclama bem-aventurada a Mãe do Senhor e louva a sua fé. Não houve fé como a de Maria; n’Ela temos o modelo mais acabado de quais devem ser as disposições da criatura diante do seu Criador: submissão completa, acatamento pleno. Com a sua fé, Maria é o instrumento escolhido pelo Senhor para levar a cabo a Redenção como Mediadora universal de todas as graças. Com efeito, a Santíssima Virgem está associada à obra redentora de seu Filho: “Esta associação da mãe com o Filho na obra da Salvação, manifesta-se desde a conceição virginal de Cristo até à Sua morte. Primeiro, quando Maria, tendo partido solicitamente para visitar Isabel, foi por ela chamada bem-aventurada, por causa da Fé com que acreditara na salvação prometida, e o precursor exultou no seio de sua mãe (…). Assim avançou a Virgem pelo caminho da fé, mantendo fielmente a união com o seu Filho até à cruz. Junto desta esteve, não sem desígnio de Deus (cfr. Ioh 19,25), padecendo acerbamente com o seu Filho único, e associando-se com coração de mãe ao Seu sacrifício, consentindo com amor na imolação da vítima que d’Ela nascera “(Lumen gentium, nn. 57-58).

O novo texto latino recolhe de modo literal o original grego ao dizer “quae credidit”,em vez de “quae credidisti”, como fazia a Vulgata, que neste caso é mais fiel ao sentido que à letra. Assim traduzem a maioria dos autores e assim traduzimos nós: “Feliz daquela que acreditou”.

46-47. “Os primeiros frutos do Espírito Santo são a paz e a alegria. E a Santíssima Virgem tinha reunido em si toda a graça do Espírito Santo…” (In Psalmos homiliae, in Ps 32). Os sentimentos da alma de Maria derramam-se no Magnificat. A alma humilde diante dos favores de Deus sente-se movida ao gozo e ao agradecimento. Na Santíssima Virgem o benefício divino ultrapassa toda a graça concedida a qualquer criatura. “Virgem Mãe de Deus, o que não cabe nos Céus, feito homem, encerrou-Se no teu seio” (Antífona da Missa do Comum das festas de Santa Maria). A Virgem humilde de Nazaré vai ser a Mãe de Deus; jamais a omnipotência do Criador se manifestou de um modo tão pleno. E o Coração de Nossa Senhora manifesta de modo desbordante a sua gratidão e a sua alegria.

Dia 13 de dezembro

Lc 3, 10-18

10As multidões interrogavam-no, dizendo: Que havemos então de fazer? 11Dizia-lhes ele, em resposta: Quem tem duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma, e quem tem mantimentos faça o mesmo. 12Vieram também publicanos para serem baptizados e disseram-lhe: Mestre, que have­mos de fazer? I3E ele respondeu-lhes: Nada exijais além do que vos está tabelado. 14Interrogavam-no igualmente os soldados em serviço, dizendo: Que havemos, nós também, de fazer? Ele respondeu-lhes: Não façais violência a ninguém nem denuncieis injustamente, e contentai-vos com o vosso soldo.

15Éstando o povo na expectativa e todos a pensar intimamente em João, se não seria ele mesmo o Messias, I6tomou João a pala­vra, dizendo-lhes a todos: Eu baptizo-vos em água; mas vai chegar quem é mais forte do que eu, alguém cujas correias das sandálias não sou digno de desatar. Esse baptizar-vos-á no Espírito Santo e no fogo. 17Tem na mão a pá de joeirar, para limpar a eira e recolher o trigo no Seu celeiro; mas a palha queimá-la-rá num fogo inextinguível.

18Estava, pois, João, com muitas e variadas exortações, a anunciar ao povo a Boa Nova.

Comentário

12-13. Com sinceridade e coragem São João Baptista descobre a cada um a sua falta. O pecado principal dos publicanos consistia em aproveitar-se da sua situação privi­legiada como colaboradores do poder romano, para enrique­cerem à custa do povo israelita. Com efeito, Roma estipu­lava com eles uma quantia global como contribuição de Israel para o Império; os publicanos, como gestores da cobrança dos impostos, abusavam do seu poder exigindo aos contribuintes mais do que o devido. Recorde-se, por exemplo, o caso de Zaqueu que, depois da sua conversão, reconhece ter enriquecido injustamente e, movido pela graça, promete ao Senhor reparar com generosidade o seu pecado (cfr Lc 19,1-10).

A pregação do Baptista exprime uma norma de moral natural, que a Igreja recolhe também na sua doutrina. Os cargos públicos hão-de ser considerados, antes de mais, como um serviço à sociedade, e nunca como ocasião de lucro pessoal em detrimento do bem comum e da justiça que se pretende administrar. Em qualquer caso, quem tenha tido a debilidade de se apropriar injustamente do alheio, não lhe f basta confessar a sua falta no sacramento da Penitência

fiara obter o perdão do seu pecado; tem de fazer, além disso, | o propósito de restituir o que não é seu.

14. O Baptista exige de todos — fariseus, publicanos, soldados — uma profunda renovação interior no próprio Exercício dá sua profissão, que os leve a viver as normas da justiça e da honradez. Deus pede-nos a todos a santificação .no nosso próprio trabalho e na nossa condição. «Qualquer trabalho, humanamente digno e nobre, se pode converter imã tarefa divina. No serviço de Deus não há ofícios de cada categoria: todos são de muita importância» (Temas do Cristianismo, n.° 55).

15-17. Com o anúncio do Baptismo cristão e com expressivas imagens, o Baptista proclama que ele não é o Messias, mas que está a chegar e que virá com o poder de Juiz supremo, próprio de Deus, e com a dignidade do Messias, que não tem semelhança humana.

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