em Evangelho do dia

Dia 1º de junho

Mc 12, 1-12

1E principiou a falar-lhes em parábolas: Um homem plantou uma vinha; rodeou-a com uma cerca, cavou um lagar e levantou uma torre. Depois arrendou-a a uns lavradores e partiu para longe. 2A seu tempo mandou um servo aos lavradores, para receber deles parte dos frutos da vinha. 3Mas eles pegaram nele, espancaram-no e mandaram-no embora de mãos vazias. 4Tornou a mandar-lhes outro servo, mas também a ele lhe partiram a cabeça e o cobriram de injúrias. 5Mandou ainda outro. A este mataram-no. Depois muitos outros, e eles a uns espancaram-nos e a outros mataram-nos. Tinha ainda um, o filho estremecido. 6Mandou-lho, por último, dizendo: “Hão-de respeitar o meu filho”. 7Mas aqueles lavradores disseram uns para os outros: “Este é o herdeiro! Vamos matá-lo, e será nossa a herança”. 8E, sem mais, pegaram nele, mataram-no e lançaram-no fora da vinha. 9Que fará o dono da vinha? Há-de vir e exterminar aqueles lavradores, e a vinha dá-la-á a outros. 10Nunca lestes esta Escritura: A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser pedra angular: 11isto é obra do Senhor e é maravilha a nossos olhos? 12E eles queriam prendê-Lo, mas tiveram medo do povo, pois tinham compreendido que para eles propusera a parábola. E, deixando-O, retiraram-se.

Comentário

1-12. Nesta parábola está compendiada de um modo impressionante a História da Salvação. Jesus serve-Se para expor o mistério da Sua Morte redentora de umas das mais belas alegorias do AT: a chamada “canção da vinha”, com que Isaías (5, 1-7) profetizava a ingratidão de Israel diante dos favores de Deus. Jesus, sobre a base do texto de Isaías, revela-nos a paciência de Deus, que manda um depois de outro, os Seus mensageiros, os profetas do AT, para terminar enviando, diz o texto, o “filho estremecido”, o próprio Jesus que os vinhateiros matariam. Esta expressão, com que o próprio Deus no Baptismo (1, 11) e na Transfiguração (9, 7) tinha designado Cristo, indica a divindade de Jesus, que é a pedra angular da salvação, rejeitada pelos que edificam sobre o seu egoísmo e a sua soberba. Para os judeus que escutaram esta parábola dos lábios de Jesus, o sentido deve ter-lhes parecido inequívoco. Os dirigentes de Israel, com efeito, “tinham compreendido que para eles propusera a parábola” (v. 12) e constituía o cumprimento do profetizado por Isaías.

Dia 2 de junho

Mc 12, 13-17

13Depois enviam-Lhe alguns dos Fariseus e Herodianos, para O apanharem em palavras. 14Chegados que foram, dizem-Lhe: Mestre, sabemos que és sincero e que não Te preocupas com ninguém, pois não fazes acepção de pessoas, mas ensinas com verdade o caminho de Deus. É ou não é lícito pagar o tributo a César? Devemos pagar, ou não devemos pagar? 15Mas Jesus, que lhes conhecia a hipocrisia, respondeu-lhes: Porque Me tentais? Trazei-Me um dinheiro, para ver. 16Trouxeram-no, e Ele disse-lhes: De quem é esta efígie e a inscrição? De César – responderam-Lhe. 17Disse-lhes então Jesus: Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E ficaram admirados com Ele.

Comentário

13-17. Jesus aproveita a armadilha que procuram estender-lhe os Seus inimigos para ensinar que o homem pertence totalmente ao seu Criador: “Tendes que dar forçosamente a César a moeda que tem impressa a sua imagem; mas vós entregai com gosto todo o vosso ser a Deus, porque está impressa em nós a Sua imagem e não a de César” (Comm. in Marcum, ad loc.).

Ao mesmo tempo, Nosso Senhor estabeleceu um princípio permanente, que há-de guiar a actuação dos cristãos na vida pública. A Igreja reconhece a justa autonomia das realidades terrenas, mas isto não quer dizer que não tenha a responsabilidade de as iluminar com a luz do Evangelho. Os leigos, ao colaborarem lado a lado com os outros cidadãos no desenvolvimento da sociedade, devem infundir um autêntico sentido cristão: “Se o papel da Hierarquia é o de ensinar a interpretar autenticamente os princípios morais que devem ser seguidos neste terreno, aos leigos corresponde, com a sua livre iniciativa, e sem esperar passivamente ordens e diretrizes, penetrar de espírito cristão a mentalidade e os costumes, as leis e as estruturas da comunidade em que vivem. As mudanças são necessárias, as reformas profundas, indispensáveis: devem empenhar-se resolutamente em infundir-lhes o espírito evangélico” (Populorum progressio, n. 81).

Dia 3 de junho

Mc 12, 18-27

18Vêm depois ter com Ele os Saduceus, que negam a ressurreição, e perguntam-Lhe: 19Mestre, Moisés prescreveu-nos que, se morrer um irmão, deixando a mulher sem filho nenhum, o irmão dele tome essa mulher e suscite descendência ao irmão. 20Havia sete irmãos: o primeiro casou e, morrendo, não deixou descendência. 21O segundo casou com a viúva e morreu sem deixar descendência. Do mesmo modo, o terceiro; 22e assim os sete não deixaram descendência. Por fim, morreu também a mulher. 23Na ressurreição, quando ressuscitarem, de qual deles será ela mulher, pois os sete a tiveram por mulher? 24Disse-lhes Jesus: Não vedes que por isso errais, porque não compreendeis as Escrituras nem o poder de Deus? 25Quando os mortos ressuscitarem, nem eles nem elas se casam, mas são como Anjos no Céu. 26E, a propósito da ressurreição dos mortos, não lestes no livro de Moisés, no passo da sarça, como Deus lhe falou, dizendo: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, o Deus de Jacob? 27Não é Deus de mortos, mas de vivos. Andais muito errados.

Comentário

18-27. Jesus, antes de responder à dificuldade proposta pelos saduceus, quer assinalar a raiz donde procede: a tendência do homem a reduzir a grandeza divina aos limites humanos, uma excessiva confiança na razão, menosprezando a doutrina revelada e o poder de Deus. Alguém pode ter dificuldades diante das verdades da fé e isto não pode causar estranheza, pois essas verdades superam a razão. Mas é ridículo tratar de buscar contradições na palavra revelada: esse é o caminho para não resolver as dificuldades e para se extraviar definitivamente. Da Sagrada Escritura e, em geral, das coisas de Deus uma pessoa deve aproximar-se com a humildade que a fé exige. Precisamente na passagem da sarça ardente, que Jesus cita perante os saduceus, Deus disse a Moisés: “Descalça-te, que a terra que estás a pisar é sagrada” (Ex 3,5).

Dia 4 de junho

Mc 12, 28b-34

28bAproximou-se um escriba e perguntou-Lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? 29O primeiro – respondeu Jesus – é: Ouve Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor 30e ama o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças. 31O segundo é: Ama o teu próximo como a ti mesmo. Não há nenhum mandamento maior que estes. 32Disse-Lhe o escriba: Mestre, disseste verdadeiramente bem que é único e não há outro fora d’Ele, 33e que amá-Lo de todo o coração, e de toda a inteligência, e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo vale mais que todos os holocaustos e sacrifícios. 34Jesus, ao ver que tinha respondido atinadamente, disse-lhe: Não estás longe do Reino de Deus. E ninguém mais ousava interrogá-Lo.

Comentário

28-34. O doutor da lei que faz a pergunta mostra uma atitude leal diante de Jesus Cristo porque busca sinceramente a verdade. Ficou impressionado diante da resposta precedente de Jesus (vv. 18-27), e aproxima-se com desejos de conhecer melhor os ensinamentos do Mestre. A sua pergunta é acertada e Jesus entretém-se a instruir este homem, pertencente a um grupo, os escribas, sobre o qual vai lançar as acusações mais fortes (cfr Mc 12,38 ss.).

Mas Jesus não vê no personagem que d’Ele se aproxima apenas um escriba mas uma alma que busca a verdade. E os ensinamentos de Jesus penetram no seu coração: aquele homem repete-os saboreando-os, e o Senhor terá para ele uma palavra carinhosa que incita à conversão definitiva: “Não estás longe do Reino de Deus”. Este encontro faz-nos recordar o que teve com Nicodemos (cfr Ioh 3, 1 ss.).

30. Este mandamento da Antiga Lei, ratificado por Jesus, manifesta, antes de mais, o amor de Deus que quer estabelecer uma comunicação íntima com o homem: “Verdadeiramente Deus mostra-Se desejoso do nosso amor! Não Lhe bastou conceder-nos a graça de consentir que O amássemos(…); vai mais adiante em declarar-nos a Sua paixão amorosa; ordena-nos que O amemos com todas as forças, a fim de que nem a consideração da Sua Majestade e da nossa miséria, coisas tão infinitamente díspares, nem qualquer outro pretexto nos afastem do Seu amor. Nisso mostra bem que não colocou inutilmente em nós a inclinação para O amarmos, pois para que não ficasse frustrada, impele-nos a exercitá-la mediante um mandamento geral; e para que se possa cumprir este mandamento, a nenhum homem regateia os meios indispensáveis” (Tratado do amor de Deus, livro 2, cap. 8).

Dia 5 de junho

Mc 12, 35-37

35Jesus, continuando a ensinar no Templo, perguntava: Como dizem os Escribas que Cristo é Filho de David? 36O mesmo David, inspirado pelo Espírito Santo, cantou: Disse o Senhor ao Meu Senhor: Senta-Te à Minha direita, até que ponha os Teus inimigos como escabelo dos Teus pés? 37O próprio David chama-Lhe Senhor; donde vem então que é Seu filho? E a numerosa multidão escutava-O com prazer.

Comentário

35-37. Jesus testemunha aqui, com a Sua autoridade singular, a inspiração divina da Escritura, ao dizer que David escreveu o Salmo 110 movido pelo Espírito Santo. Pelo passo aprecia-se como o começo desse Salmo era de difícil interpretação para os Judeus. Jesus Cristo expõe o sentido messiânico que têm estas palavras: “Disse o Senhor ao meu Senhor”. Esse segundo “Senhor” é o Messias, e implicitamente Jesus identifica-Se com ele. O carácter misteriosamente transcendente do Messias fica expressado pelo paradoxo de que sendo filho, descendente de David, todavia este chama-lhe seu Senhor.

Dia 6 de junho

Mc 12, 38-44

38E Ele, no Seu ensino, dizia: Guardai-vos dos Escribas, que gostam de passear com vestidos roçagantes, de ser saudados nas praças, 39de ocupar as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes; 40que devoram as casas das viúvas e simulam orar longamente. Estes receberão julgamento mais severo. 41Sentando-Se depois defronte do gazofilácio, observava como a gente lá deitava moedas de cobre. Muitos ricos deitavam muito. 42Veio uma pobre viúva e deitou duas pequeninas moedas, que perfaziam um quadrante. 43E Ele, chamando os discípulos disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deitou no gazofilácio mais que todos. 44Pois que todos deitaram do que lhes sobejava, mas esta, da sua indigência, deitou quanto tinha, todo o seu sustento.

Comentário

38-40. O Senhor repreende o afã desordenado das honras humanas: “Deve advertir-se que não proíbe as saudações na praça nem ocupar os primeiros assentos àqueles a quem corresponde pelo seu ofício; mas previne os fiéis de que devem evitar, como homens maus, os que amam indevidamente tais honras” (In Marci Evangelium expositio, ad loc.).

41-44. O pequeno episódio é ocasião para que Nosso Senhor dê um ensinamento em que quer realçar a importância do que aparentemente é insignificante. Usa uma expressão um tanto paradoxal: a pobre viúva deitou mais que s ricos. Diante de Deus o valor das acções consiste mais na rectidão de intenção e na generosidade de espírito, que na quantia do que se dá. “Não viste os fulgores do olhar de Jesus quando a pobre viúva deixou no Templo a sua pequena esmola? – Dá-Lhe tu o que puderes dar; não está o mérito no pouco nem no muito, mas na vontade com que o deres” (Caminho, nº 829).

Por isso mesmo, também são agradáveis a Deus as nossas acções, ainda que não tenham a perfeição que seria de desejar. São Francisco de Sales comenta: “Como no tesouro do Templo foram estimadas as duas moedazinhas da pobre viúva (…), as pequenas obras boas, ainda que cumpridas com um pouco de descuido e não com toda a energia da nossa caridade, não deixam de ser gratas a Deus e de ter o seu mérito diante d’Ele; donde, ainda que elas por si mesmas não valham para aumentar o amor precedente (…), a Providência divina, que toma conta delas e pela Sua bondade as estima, imediatamente as recompensa com aumento de caridade nesta vida e com a atribuição de maior glória no Céu” (Tratado do amor de Deus, livro 3, cap. 2).

Dia 7 de junho

Mt 28, 16-20

l6Os onze discípulos partiram para a Galileia, para o monte que Jesus lhes tinha e mandato designado. 17Ao verem-No, adoraram-No, mas houve alguns que duvidaram. 18Aproximou-Se Jesus e falou-lhes nestes termos: Foi-Me dado todo o poder no Céu e na Terra . I9lde, pois, doutrinai todas as gentes, baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, 20e ensinando-as a observar tudo o que vos mandei. Sabei que Eu estou convosco todos os dias até à consumação dos séculos.

Comentário

16-20. Este breve passo, com que se encerra o Evangelho segundo São Mateus, é de extraordinária importância. Os discípulos vendo o Ressuscitado adoram-nO, prostram-se diante d’Ele como diante de Deus. A sua atitude parece indicar que enfim são conscientes do que já, muito antes, tinham no coração e unham confessado: que o Seu Mestre era o Messias, o Filho de Deus (cfr Mt 16, 18; Ioh l, 49). Apodera-se deles o assombro e a alegria diante da maravilha que os seus olhos contemplam, que parece quase impossível, se não o estivessem a ver. Mas era realidade, e o pasmo deixou passagem à adoração. O Mestre fala-lhes com a majestade própria de Deus: «Foi-Me dado todo o poder no Céu e na Terra». A Omnipotência, atributo exclusivo de Deus, é também atributo Seu: está a confirmar a fé dos que O adoram. E,ao mesmo tempo, ensina que o poder que eles vão receber para realizar a Sua missão universal, deriva do próprio poder divino.

Recordemos diante destas palavras de Cristo que a autoridade da Igreja, em ordem à salvação dos homens, vem de Jesus Cristo directamente, e que esta autoridade, nas coisas de fé e de moral, está por cima de qualquer outra da terra.

Os Apóstolos ali presentes, e depois deles os seus legítimos sucessores, recebem o mandato de ensinar a todas as gentes a doutrina de Jesus Cristo: o que Ele próprio tinha ensinado com as Suas obras e as Suas palavras, o único caminho que conduz a Deus. A Igreja, e nela todos os fiéis cristãos, têm o dever de anunciar, até ao fim dos tempos, com o seu exemplo e com a sua palavra, a fé que receberam. De modo especial recebem esta missão os sucessores dos Apóstolos, pois neles recai o poder de ensinar com autoridade, «já que Cristo ressuscitado antes de voltar ao Pai (…) lhes confiava deste modo a missão e o poder de anunciar aos homens o que eles próprios tinham ouvido, visto com os seus olhos, contemplado e palpado com as suas mãos, acerca do Verbo da vida (l Ioh l, 1). Ao mesmo tempo confiava-lhes a missão e o poder de explicar com autoridade o que Ele lhes tinha ensinado, as Suas palavras e os Seus actos, os Seus sinais e os Seus manda­mentos. E dava-lhes o Espírito para cumprir esta missão» (Catechesi tradendae, n., 1). Portanto, os ensinamentos do Papa e dos Bispos unidos a ele, devem ser recebidos sempre por todos com assentimento e obediência.

Também comunica ali Cristo aos Apóstolos e aos seus sucessores o poder de baptizar, isto é, de admitir os homens na Igreja, abrindo-lhes o caminho da sua salvação pessoal.

A missão que, em última análise, recebe a Igreja neste fim do Evangelho de São Mateus, é a de continuar para sempre a obra de Cristo: ensinar aos homens as verdades acerca de Deus e a exigência de que se identifiquem com essas verdades, ajudando-os sem cessar com a graça dos sacra­mentos. Uma missão que durará até ao fim dos tempos e que, para a levar a cabo, o próprio Cristo Glorioso promete acompanhar a Sua Igreja e não a abandonar. Quando na Sagrada Escritura se afirma que Deus está com alguém, quer-se dizer que este terá êxito nas suas empresas. Daí que a Igreja, com a ajuda e a assistência do seu Fundador Divino, está segura de poder cumprir indefectivelmente a sua missão até ao fim dos séculos.

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