Uma das datas mais esperadas do ano, para mim e para todos os cristãos, sem dúvida alguma, é o Natal. No Centro Cultural Lajedo – o Centro feminino do Opus Dei aqui em Brasília – o Natal tem um atrativo a mais. Preparamos uma grande festa de Natal, que se transforma numa imensa reunião de família: uma confraternização das nossas famílias com a “família da Obra”.
Junto com as numerárias, que moram no Centro, nós que frequentamos o Lajedo, preparamos tudo com muito carinho e cuidado: as apresentações de algumas atividades culturais, científicas, e sociais que realizamos durante o ano; ensaiamos pequenas peças teatrais e as apresentamos; também cantamos. Nossos pais, parentes e amigos nos divertimos muito.
Na festa de Natal de 2005, tivemos um convidado muito especial: o Arcebispo de Brasília, Dom João Brás de Aviz, que quis celebrar o “Natal antecipado” conosco. O seu comentário ao chegar, de que vinha passar “um momento de família” foi muito bom para que estivéssemos bem a vontade com ele, celebrando com a alegria e a descontração de sempre a festa de Natal.
Dom João quis celebrar a Santa Missa para nós. Anunciou que a ofereceria “por toda a Obra de Deus, para que o seu carisma, passado para nós por São Josemaria Escrivá, possa ser um grande dom para toda a Igreja”. Também abençoou os trabalhos culturais, sociais e apostólicos que se realizam a partir do Lajedo. Podem imaginar a nossa alegria, ao ouvir essas suas palavras de carinho e incentivo.
Convidamos Dom João a conhecer a casa. Logo ao entrar na sala de estudos do Centro, chamou-lhe a atenção um quadro pendurado na parede com a frase bíblica do mandamento novo de Jesus: “Que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”, e comentou com alegria que tinha visto essas mesmas palavras no Centro masculino, onde estivera há pouco. Essas palavras bem visíveis, animam-nos a vivermos entre nós com o mesmo amor do Senhor: repleto de carinho humano e sobrenatural.
No primeiro Centro do Opus Dei, que foi destruído na guerra civil espanhola, só restou inteiro o quadro do mandamento novo. Para mim esse fato adquire um significado especial: “ninguém, nem nada, pode destruir o amor fraterno que se vive nos Centros do Opus Dei”. E com surpresa e alegria, vi que Dom João dava uma explicação muito semelhante a essa: “Entendi porque São Josemaría quis deixar esse testemunho para todos: porque, de tudo, o que permanece sempre é a caridade; tudo passa, mas a caridade fraterna fica”.
À esquerda, o quadro do mandamento novo, encontrado inteiro após a destruição do primeiro Centro da Obra durante a guerra. À direita, São Josemaria observa os escombros deste Centro.
O arcebispo esteve conversando animadamente com as famílias das numerárias e das estudantes que freqüentam o Centro, que se sentiam felizes com suas palavras de afeto e encorajamento.
Uma numerária do Centro, que tem poucos anos na Obra, contou a Dom João que alguns familiares não entendiam bem o sentido sobrenatural da sua vocação de entrega total a Deus na Obra, vivendo o celibato apostólico. D. João respondeu logo: “Essa contradição é sinal de vocação autêntica”, e animou-a a seguir com o seu caminho, sem descuidar a caridade com a família, mas ao mesmo tempo mostrando o seu compromisso. Contou-nos que ele também teve dificuldades semelhantes, que Deus resolveu para alegria de todos: “Meus pais me entenderam”.
Terminamos esse encontro feliz cantando todos juntos, o arcebispo, as famílias e nós, “Noite feliz”. O Amor de Deus renasceu mais uma vez entre nós no Natal!!
Marília Pinheiro, psicóloga