Quando meditamos sobre a obra de Monsenhor Escrivá, sentimo-nos impelidos a lembrar a palavra evangélica: “A árvore se conhece pelos seus frutos” (Mt 12,33). Quais são esses frutos? Muitos, muitíssimos, mas dentre eles penso que podem ser destacados três.
O primeiro é o de ter impresso na sua Obra uma fidelidade sem restrições à fé católica, ao Magistério da Igreja, à condução pastoral do Santo Padre. Em momentos de incertezas e vacilações, os filhos de Mons. Josemaria Escrivá têm dado testemunho de firmeza na fé, de adesão ao Magistério e de amoroso apoio e obediência ao Papa. Essas atitudes, profundamente católicas, eles as beberam no exemplo e nas palavras do Fundador. Para a Igreja é importante esse testemunho, que toca no mais íntimo do seu ser e que aponta para o fundamento da sua unidade.
O segundo é o de ter dado um impulso muito sólido e vital a uma espiritualidade autenticamente leiga. Para Mons. Escrivá a santidade procura-se e consegue-se no meio da vida de cada qual, no mundo, e não apesar dele (do mundo), mas precisamente através dele. É a santificação pelo trabalho, seja qual for, fazendo do lugar onde a Providência de Deus nos colocou, a expressão da vontade de Deus que nos pede santificarmo-nos ali e nos mostra o caminho para consegui-lo. Um trabalho feito por amor a Deus (ver Col 3, 22 ss), com competência profissional, executado com alta qualidade, pensando que o fruto do trabalho não é apenas uma fonte de recursos para satisfazer as nossas necessidades, mas é também umas contribuição para os outros, para o bem comum, para o bem-estar da comunidade.
O terceiro é a profunda contribuição espiritual, tão concreta e precisa, tão reveladora de uma rica experiência pessoal e de direção espiritual, constituída pelos três livros Caminho, Sulco e Forja. Sob o gênero literário de “números”, aparentemente independentes uns dos outros, mas na realidade profundamente concatenados por uma visão da vida e da espiritualidade característica do Fundador do Opus Dei, o Servo de Deus proporcionou a milhares e centenas de milhares de discípulos de Cristo um alimento espiritual singularmente apropriado para o homem de hoje […].
Muito se escreveu já sobre Monsenhor Josemaria Escrivá, e escrever-se-á muito mais, mas o mais grande que talvez se possa dizer dele não será nunca escrito, porque Deus, acolhendo o seu desejo de “desaparecer”, não dará plena satisfação à nossa curiosidade de medir tudo e de tudo reduzir a estatísticas, mas reservará isso para o dia do advento do Senhor, e só nesse dia nos fará conhecer a verdadeira dimensão de quem neste mundo foi o fundador de uma escola e uma espiritualidade tão própria do século XX, o século do laicato cristão e católico […]. Já são muitos e serão cada dia mais os que veneram Josemaria Escrivá no santuário do seu coração.
Cardeal Medina