em sofrer com alegria
Por Carmen Mattuella
Trajetória de Brunna relatada por sua mãe. A luta da filha contra o câncer e o oferecimento de seu sofrimento pela Igreja e conversões das almas. Se cumpriu na sua vida a frase de São Paulo: “Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja.” (Col. 1,24)

Durante 12 anos e 4 meses, minha filha Brunninha (Brunna Mattuella) lutou com um câncer que a levou a morte em 25 de fevereiro de 2003, aos dezoito anos de idade.

Embora sua trajetória tenha sido de muitas provações, sofrimentos físicos e emocionais (pois quando do início da doença o estigma existente em relação à doença ainda era grande), ela sempre se mostrou muito digna. Sempre quis ser tratada como os demais (não queria privilégios, regalias), lutando muito para vencer as dificuldades que foram surgindo (quimioterapia, radioterapia, inúmeras cirurgias mutilantes seguidas de longas internações, fisioterapias e demais terapias). As suas dificuldades foram aumentando, dores cruciantes, perda do olfato, diminuição da audição e da gustação, culminando, enfim, com a perda da visão nos seus três últimos meses de vida. Ainda assim, dentro de suas possibilidades tentava ser independente e buscar alternativas. No período que perdeu a visão, por exemplo, quis aprender o Braille para poder dar prosseguimento a seus estudos, embora soubesse que para o curso de arquitetura, o qual freqüentava, a visão seria fundamental, pensava numa maneira de poder contornar esta situação, o que, infelizmente, não foi possível, pois não houve mais tempo…

Desde pequena ela sempre mostrou muito amor a Deus e à N. Sra e sempre foi muito sensível ao sofrimento do próximo, mostrando constantemente interesse em ajudá-los (em determinadas situações tomando a frente), apesar de suas dificuldades e limitações.

Nos dois últimos anos, porém, à medida que sua doença avançava mais e mais, a sua inquietação ia aumentando, pois não encontrava sentido em tudo aquilo. Entretanto, quando passou a entender que poderia dar um sentido a toda sua dor, e que esta poderia produzir algum fruto, ela foi se tranqüilizando e ficando em paz, pois podia unir o seu sofrimento ao sofrimento redentor de Jesus e o oferecer a toda Igreja (de um modo geral). Fechava-se então em seu quarto e rezava quietinha.

E, na medida que Nossa Senhora e o Senhor a acompanhavam através das provas, ela crescia na luz (pois sentia a força da graça). O seu sofrimento então foi se transformando num tesouro precioso, pois ao unir o seu sofrimento ao sofrimento redentor de Jesus e dele resultar num bem, ela deu um sentido a sua dor. Todo o seu sofrimento foi se transformando em doçura, permitindo assim que Deus guiasse a sua vida, tomando então, uma atitude de abandono sereno ao Pai. Ela sabia que Deus a amava e que tinha um plano para sua vida, que este plano era individual e que este caminho a levaria ao Pai.

Em dado momento, porém, ela novamente começou a se inquietar e se questionar. Como poderia amar a vontade de Deus em oferecer seu sofrimento pelo bem do próximo se ao mesmo tempo ela pedia a Ele a sua cura? Diante deste questionamento nós argumentávamos que Deus a queria bem, e, portanto, ela poderia ou deveria pedir pela sua cura. Entretanto, enquanto estivesse se restabelecendo, poderia oferecer o seu sofrimento a Deus. Ela, porém, ainda não se convencia, pois achava que esta era uma atitude egoísta.

Assim foi o nosso anjo Brunninha, tão cheia de amor, carinho, gratidão, tão digna, que Deus sentiu saudades e a levou para junto de Si.

Nesta trajetória, o Opus Dei a ajudou em muito, pois é uma entidade constituída por pessoas sensíveis à necessidade do próximo e à vontade de Deus e que só vieram a reforçar e alimentar a sua sede de Deus (que naquele momento mais do que nunca), era o seu objetivo.

Junto a este grupo, ela sempre encontrou orientação e enriquecimento espiritual, carinho, atenção, apoio, entendimento de sua procura – Deus – (pois neste local todos compartilham a mesma vontade), como também companheirismo e ajuda “amorosa” para executar tarefas que ela já não mais podia realizar sozinha, como, por exemplo, se locomover por ambientes não tão familiares quanto sua casa (quando perdeu a visão).

Enfim, ela sempre se sentiu muito aceita e sempre que possível, pois a doença trazia manifestações instáveis, queria estar lá.

Agradeço a Deus a existência deste grupo formado por pessoas amigas, solidárias, alegres, cheias do amor de Deus e que amam profundamente Sua Santíssima Vontade.

A este grupo, todo o meu carinho, admiração e respeito.

Carmen Mattuella

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