em Evangelho do dia

21E entraram em Cafarnaum. No sábado seguinte, indo à sinagoga, pôs-Se a ensinar. 22E maravilhavam-se por causa da Sua doutrina, pois os ensinava como quem tinha autoridade e não como os Escribas. 23Nisto um homem possuído do espírito imundo, o qual estava na sinagoga, começou a gritar: 24Ai! Que tens Tu connosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder. Sei quem Tu és: o Santo de Deus. 25Mas Jesus intimou-lhe: Cala-te e sai desse homem! 26O espírito imundo, agitando-o convulsivamente e fazendo grande alarido, saiu dele. 27Ficaram todos atônitos, de modo que perguntavam uns aos outros: Que é isto? Uma doutrina nova, e com autoridade! Manda nos espíritos imundos, e eles obedecem-Lhe! 28E a Sua fama correu logo por toda a parte, em toda a vizinha região da Galileia.


Comentário

  1. Sinagoga quer dizer reunião, assembleia, comunidade. Assim se chamava — e se chama — o lugar em que os Judeus se reuniam para escutar a leitura da Sagrada Escritura e rezar. Parece que as sinagogas tiveram a sua origem nas reuniões cultuais que celebravam os Judeus cativos em Babilônia, ainda que não se estendessem até pais tarde. No tempo de Nosso Senhor havia-as em todas as cidades e aldeias da Palestina de certa importância; e fora da Palestina nos lugares onde havia uma comunidade de Judeus suficientemente numerosa. A sinagoga constava principalmente de uma sala rectangular, construída de tal forma que os assistentes, sentados, olhassem para Jerusalém. Na sala havia uma tribuna ou estrado onde se lia e se explicava a Sagrada Escritura.
  2. Aparece aqui como Jesus mostrava a Sua autoridade ao ensinar. Inclusivamente quando tomava como base a Escritura, como no Sermão da Montanha, distinguia-Se dos outros mestres, pois falava em nome próprio: «Mas Eu digo-vos» (cfr a nota a Mt 7,28-29). O Senhor, na verdade, fala dos mistérios de Deus e das relações entre os homens; explica com simplicidade e com poder, porque fala do que sabe e dá testemunho do que viu (Ioh 3, 11). Os escribas ensinavam também ao povo — comenta São Beda — o que está escrito em Moisés e nos Profetas; mas Jesus pregava ao povo como Deus e Senhor do próprio Moisés (cfr In Marci Evangelium expositio, ad loc.) Além disso, primeiro faz e depois diz (Act 1, 1) e não é como os escribas que dizem e não fazem (Mt 23,1-5).

23-26. Os Evangelhos apresentam vários relatos de curas miraculosas. Entre elas sobressaem as de alguns endemoninhados. A vitória sobre o espírito imundo, nome que se dava correntemente ao demônio, é um sinal claro de que chegou a salvação divina: Jesus, ao vencer o Maligno, revela-Se como o Messias, o Salvador, com um poder superior ao dos demônios: «Agora é que é o julgamento deste mundo. Agora é que o Príncipe deste mundo vai ser lançado fora» (Ioh 12, 31). Ao longo do Evangelho torna-se patente a luta contínua e vitoriosa do Senhor contra o demônio.

A oposição do demônio a Jesus vai aparecendo, cada vez mais clara: é solapada e subtil no deserto; manifesta e violenta nos endemoninhados; radical e total na Paixão, que é « a hora e o poder das trevas» (Lc 22,53). A vitória de Jesus é também cada vez mais patente, até ao triunfo total da Ressurreição.

O demônio é chamado imundo — diz São João Crisóstomo — pela sua impiedade e afastamento de Deus, e porque se mistura em toda a obra má e contrária a Deus. Reconhece de alguma maneira a santidade de Cristo, mas este conhecimento não vai acompanhado pela caridade. Além do facto histórico concreto, podemos ver neste endemoninhado os pecadores que se querem converter a Deus, libertando-se da escravidão do demônio e do pecado. A luta pode ser longa, mas terminará com uma vitória: o espírito maligno não pode nada contra Cristo (cfr a nota a Mt 12, 22-24).

  1. A mesma autoridade que Jesus mostrou no ensino (1, 22) aparece agora nos Seus feitos. Fá-lo só com o Seu querer, sem necessitar de múltiplas invocações e conjuros. As palavras e os actos de Jesus evidenciam algo de superior, um poder divino, que enche de admiração e de temor aqueles que O escutam e observam.

Esta primeira impressão manter-se-á até ao fim (Mc 2, 12; 5, 20. 42 ; 7, 37; 1 5, 39; Lc 1 9,48; Ioh 7, 46). Jesus de Nazaré é o Salvador esperado. Ele sabe-o e manifesta-o precisamente nos Seus actos e nas Suas palavras, que constituem uma unidade inseparável segundo os relatos evangélicos (Mc 1, 38-39:2, 10-11; 4, 39). Como ensina o Vaticano II (Dei Verbum, n. 2), a Revelação faz-se com actos e palavras intimamente unidos entre si. As palavras esclarecem os actos; os factos confirmam as palavras. Deste modo Jesus vai revelando progressivamente o mistério da Sua Pessoa: primeiro as gentes captam a Sua autoridade excepcional, e os Apóstolos, iluminados pela graça de Deus, reconhecerão depois a raiz última dessa autoridade: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo» (Mt 16,16).

 

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