em Evangelho do dia

22Celebrou-se então, em Jerusalém, a festa da Dedicação. Era Inverno, 23e Jesus andava a passear no Templo, no pórtico de Salomão. Ora os Judeus rodearam-No e começaram a perguntar-Lhe: Até quando nos trarás em suspenso? Se Tu és o Messias, dize-no-lo abertamente! 25Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo disse, e não acreditais!… As obras que Eu faço em nome de Meu Pai é que dão testemunho de Mim; 26mas vós não acreditais, porque não sois das Minhas ovelhas. 27As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz; Eu conheço-as, e elas seguem-Me. 28Dou-lhes a vida eterna, e elas não perecerão nunca, nem ninguém as há-de arrebatar da Minha mão. 29Meu Pai, que foi quem Mas deu, é maior do que todos, e ninguém as pode arrebatar da mão de Meu Pai. 30Eu e o Pai somos um só.

Comentário

  1. Esta festa comemora um episódio da história de Israel (cfr 1Mach 4,36-59; 2 Mach 1-2,19; 10,1-8). Judas Macabeu, no ano 165 a.C., depois de ter libertado Jerusalém da dominação dos reis da dinastia Selêucida da Síria, purificou o Templo das profanações de Antíoco Epifanes (l Mach 1,54). Desde então, no dia 25 do mês de Kisleu (Novembro-Dezembro) e durante a semana seguinte, celebrava-se em toda a Judeia o aniversário da dedicação do altar. Costumava chamar-se também «Festa das luzes» porque era costume acender lâmpadas, símbolo da Lei, e pô-las nas janelas das casas (cfr 2 Mach 1,18).

24-25. Quando aqueles judeus perguntaram a Jesus se é o Messias, «falavam assim, comenta Santo Agostinho, não pelo desejo de conhecer a verdade, mas para preparar o caminho da calúnia» (In Ioann. Evang., 48,3). Já noutras ocasiões Jesus Se tinha manifestado com as Suas palavras e com as Suas obras como o Filho Único de Deus (5,19 ss; 7,16 ss.; 8,25 ss.). Também Se tinha dado a conhecer explicitamente como Messias e Salvador à samaritana (4,26) e ao cego de nascença (9,37) diante das boas disposições destes. Agora repreende os Seus interlocutores por resistirem a reconhecer as obras que Ele realiza de parte de Seu Pai (cfr 5,36; 10,38). Outras vezes Jesus Cristo tinha aludido às obras como meio para distinguir os verdadeiros profetas dos falsos: «Pelas suas obras os conhecereis» (Mt 7,16; cfr Mt 12,33).

26-29. É certo que a fé e a vida eterna não se podem merecer só pelas forcas naturais do homem: são um dom gratuito de Deus. Mas o Senhor a ninguém nega a Sua graça para crer e para se salvar, porque «quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade» (1Tim 2,4). Ora bem, se alguém põe obstáculos ao dom da fé, é culpável da sua incredulidade. A este propósito ensina São Tomás de Aquino: «Posso ver graças à luz do sol; mas se fecho os olhos, não vejo: isto não é por culpa do sol mas por minha culpa, porque ao fechar os olhos impeço que me chegue a luz solar» (Comentário sobre S. João, ad loc.).

Pelo contrário, os que não opõem resistência à graça divina chegam a crer em Jesus, são conhecidos e amados pelo Senhor, entram sob a Sua protecção e permanecem fiéis ajudados pela Sua graça, penhor da vida eterna que finalmente receberão do Bom Pastor. É verdade que neste mundo terão de lutar e sofrerão feridas; mas se se mantêm unidos ao Bom Pastor ninguém nem nada arrebatará das mãos de Cristo as Suas ovelhas, porque mais forte que o Maligno é o nosso Pai Deus. A esperança de que o Senhor nos concederá a perseverança final baseia-se não nas nossas próprias forças mas na misericórdia divina; tal esperança deve constituir um motivo contínuo de luta para corresponder à graça e ser fiéis cada dia às exigências da nossa fé.

  1. Jesus manifesta a identidade substancial entre Ele e o Pai. Antes tinha proclamado Deus como Seu Pai «tornando-Se igual a Deus»; por isto os judeus tinham pensado várias vezes em dar-Lhe morte (cfr 5,18; 8,59). Agora fala acerca do mistério de Deus, que nós os homens só podemos conhecer por revelação. Depois voltará a desvelar esse mistério, sobretudo na Última Ceia (14,10; 17,21-22). O Evangelista já o contempla no começo do Prólogo (cfr Ioh 1,1 e nota).

«Escuta — convida-nos Santo Agostinho — o próprio Filho: ‘Eu e o Pai somos um’. Não disse ‘Eu sou o Pai’, nem ‘Eu e o Pai é um mesmo’. Mas na expressão ‘Eu e o Pai somos um’ há que fixar-se nas duas palavras: ‘somos’ e ‘um’ (…). Porque se são um então não são diversos, e se ‘somos’, então há um Pai e um Filho» (In Ioann. Evang., 36,9). Jesus revela a Sua unidade substancial com o Pai quanto à essência ou natureza divina, mas ao mesmo tempo manifesta a distinção pessoal entre o Pai e o Filho. «Cremos, pois, em Deus. que desde toda a eternidade gera o Filho; cremos no Filho, Verbo de Deus, que é gerado desde a eternidade; cremos no Espírito Santo, Pessoa incriada, que procede do Pai e do Filho como Amor sempiterno deles. Assim, nas três Pessoas divinas, que são eternas entre si e iguais entre si, a vida e felicidade de Deus inteiramente uno abundam sobremaneira e consumam-se com excelência máxima e glória própria da Essência incriada; e sempre há que venerar a unidade na Trindade e a Trindade na unidade» (Credo do Povo de Deus, n° 10).

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