em Evangelho do dia

15Se Me amardes, guardareis os Meus mandamentos. 16E Eu pedirei ao Pai, Ele vos dará outro Assistente, para estar convosco para sempre.

Se alguém Me ama, há-de guardar a Minha palavra; Meu Pai amá-lo-á e nós viremos a ele e estabeleceremos nele habitação. 24Quem Me não ama não guarda as Minhas palavras; e a palavra que estais a ouvir não é Minha, é do Pai, que Me enviou.

25Isto tenho-vos Eu dito na Minha permanência entre vós. 26Mas o Assistente, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em Meu nome, é que vos há-de ensinar tudo e vos recordará tudo o que Eu vos disse. 

Comentário

  1. O autêntico amor há-de manifestar-se com obras. «Isto é na verdade o amor: obedecer àquele que se ama e crer nele» (Hom. sobre S. João, 74). Por isso Jesus quer fazer-nos compreender que o amor a Deus, para o ser deveras, há-de reflectir-se numa vida de entrega generosa e fiel ao cumprimento da Vontade divina: aquele que recebe os Seus mandamentos e os guarda, esse é que O ama (cfr Ioh 14,21). O próprio São João exorta-nos noutro passo a que «não amemos de palavra e com a língua, mas com obras e de verdade» (l Ioh 3,18), e ensina-nos que «o amor de Deus consiste em que cumpramos os Seus mandamentos» (l Ioh 5,3).

16-17. O Senhor promete aos Apóstolos em diversas ocasiões que lhes enviará o Espírito Santo (cfr 14,26; 15,36; 16,7-14; Mt 10,20). Aqui anuncia-lhes que um fruto da Sua mediação diante do Pai será a vinda do Paráclito. O Espírito Santo, com efeito, virá sobre os discípulos depois da Ascensão do Senhor (cfr Act 2,1-13), enviado pelo Pai e pelo Filho. Aqui Jesus ao prometer que por meio d’Ele o Pai lhes enviará o Espírito Santo, está a revelar o mistério da Santíssima Trindade.

Paráclito significa etimologicamente «chamado junto a um» com o fim de o acompanhar, consolar, proteger, defender… Daí que o Paráclito se traduza por Consolador, Advogado, etc. Jesus fala do Espírito Santo como de «outro Paráclito», porque será dado aos discípulos em Seu lugar como Advogado ou Defensor que os assista, já que Ele vai subir aos Céus. Em 1Ioh 2,1 chama-se Paráclito a Jesus Cristo: «Temos Advogado diante do Pai: Jesus Cristo, o Justo». Cristo, portanto, é também nosso Advogado e Mediador no Céu junto ao Pai (cfr Heb 7,25). O Espírito Santo cumpre agora o ofício de guiar, proteger e vivificar a Igreja, « porque, como sabemos — comenta o Papa Paulo VI —, dois são os elementos que Cristo prometeu e outorgou, ainda que diversamente, para continuar a Sua obra (…): o apostolado e o Espírito. O apostolado actua externa e objectivamente; forma o corpo, por assim dizer, material da Igreja, confere-lhe as suas estruturas visíveis e sociais; enquanto o Espírito Santo actua internamente, dentro de cada uma das pessoas, como também sobre a comunidade inteira, animando, vivificando, santificando» (Discurso abertura Vaticano II, n° 3).

O Paráclito é o nosso Consolador enquanto caminhamos neste mundo no meio de dificuldades e sob a tentação da tristeza. «Por maiores que sejam as nossas limitações, nós, homens, podemos olhar com confiança para os Céus e sentir-nos cheios de alegria: Deus ama-nos e liberta-nos dos nossos pecados. A presença e a acção do Espírito Santo na Igreja são o penhor e a antecipação da felicidade eterna, dessa alegria e dessa paz que Deus nos prepara» (Cristo que passa, n° 128).

25-26. Jesus expôs com clareza a Sua doutrina, mas os Apóstolos não podiam entendê-la plenamente; entendê-la-ão depois, quando receberem o Espírito Santo, o Espírito da Verdade que os guiará até à verdade completa (cfr Ioh 16,13). «Com efeito, o Espírito Santo ensinou e recordou: ensinou tudo aquilo que Cristo não tinha dito por superar as nossas forças, e recordou o que o Senhor tinha ensinado e que, quer pela obscuridade das coisas, quer pela rudeza do seu entendimento, eles não tinham podido conservar na memória» (Teofilacto, Enarratio in Evangelium Ioannis, ad loc.).

O termo que traduzimos por «recordar» inclui também a ideia de «sugerir»: o Espírito Santo trará à memória dos Apóstolos o que já tinham escutado a Jesus, mas com uma luz tal que os capacitará para descobrir a profundidade e a riqueza do que tinham visto e escutado. Assim, «os Apóstolos transmitiram aos seus ouvintes, com aquela compreensão mais plena de que eles, instruídos pelos acontecimentos gloriosos de Cristo e iluminados pelo Espírito de verdade, gozavam (cfr 2,22), as coisas que Ele tinha dito e feito» (Dei Verbum, n. 18).

«Cristo não deixou os Seus seguidores sem guia na tarefa de compreender e viver o Evangelho. Antes de voltar ao Pai prometeu enviar o Seu Espírito Santo à Igreja: ‘Mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em Meu nome, Ele vos ensinará tudo e vos recordará todas as coisas que vos disse’. Este mesmo Espírito guia os sucessores dos Apóstolos, os vossos Bispos unidos ao Bispo de Roma, a quem encarregou de manter a fé e ‘pregar o Evangelho a toda a criatura’ (Mc 16,15). Escutai a sua voz, pois vos transmite a palavra do Senhor» (João Paulo II, Homília Santuário de Knock).

Nos Evangelhos ficaram escritas, sob o carisma da inspiração divina, as recordações e a compreensão que tinham os Apóstolos, depois do Pentecostes, daquelas coisas de que tinham sido testemunhas. Por isso tais escritos sagrados «narram fielmente o que Jesus, o Filho de Deus, vivendo entre os homens, fez e ensinou realmente até ao dia da Ascensão (cfr Act 1,1-2)» (Dei Verbum, n. 11). Por isso também a Igreja tem recomendado insistentemente a leitura da Sagrada Escritura e especialmente dos Evangelhos. «Oxalá fossem tais as tuas atitudes e as tuas palavras, que todos pudessem dizer quando te vissem ou ouvissem falar: ‘Este lê a vida de Jesus Cristo» (Caminho, n° 2).

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