em Evangelho do dia

4Como afluísse grande multidão e os de cada cidade a Ele acorressem, disse em parábola: 5Saiu o semeador para semear a sua semente. Ora, quando semeava, caiu parte da semente à beira do caminho; foi calcada e as aves do céu comeram-na. 6Outra caiu sobre a rocha e, depois de brotar, secou por não ter humildade. 7Outra caiu no meio de espinhos e os espinhos, brotando com ela, sufocaram-na. 8E outra caiu na boa terra e, depois de brotar, deu fruto centuplicado. Dizendo isto, bradava: Quem tem ouvidos para ouvir, que oiça!

9Perguntaram-Lhe os discípulos o que queria dizer esta parábola, 10e Ele respondeu: A vós está concedido conhecer os mistérios do Reino de Deus, mas aos outros é só em parábolas, a fim de que vendo, não vejam e, ouvindo, não entendam.

11E isto a parábola: A semente é a Palavra de Deus. 12Os que estão à beira do caminho são aqueles que ouviram; em seguida, vem o Diabo e tira-lhes a Palavra do coração, para não se salvarem, acreditando. 13Os que estão sobre a rocha são aqueles que, ao ouvirem, recebem alegremente a Palavra; mas esses não têm raiz: acreditam por algum tempo e afastam-se na altura da provação. 14A se mente que caiu nos espinhos são aqueles que ouviram, mas, no seu caminho, são sufocados pelos cuidados, pela riqueza e pelos prazeres da vida e não chegam à maturidade. I5E a que está na boa terra são aqueles que, tendo ouvido a Palavra com um coração recto e bom, a conservam e dão fruto com a sua perseverança.

Comentário

4-8. O Senhor dará a explicação da parábola (vv. 11-15). A semente é o próprio Jesus Cristo e a Sua pregação; e as diferentes terras reflectem as diversas atitudes dos homens diante de Jesus e da Sua doutrina: o Senhor semeia nas almas a vida divina através da pregação da Igreja e de tantas graças actuais que concede.

10-12. A finalidade que Jesus persegue com as parábolas é ensinar aos homens os mistérios da vida sobrenatural para os encaminhar para a salvação, prevê, porém, que, pelas más disposições de alguns ouvintes, as parábolas serão ocasião de endurecimento e de rejeição da graça. Uma explicação mais ampla da finalidade das parábolas pode ver-se nas notas a Mt 13,10-13 e Mc 4,11-12.

  1. Há homens que, metidos numa vida de pecado, são. como o caminho onde cai a semente «que sofre um duplo dano, é pisada pelos caminhantes e arrebatada pelas aves. O caminho é, portanto o coração que está espezinhado pela frequente passagem dos maus pensamentos, e seco de tal modo que não pode receber a semente nem esta germinar» (In Lucae Evangelium expositio, ad loc.). As almas endurecidas pelos pecados podem chegar a ser terra boa e dar fruto pelo arrependimento sincero e pela penitência. É de notar o empenho do demônio por conseguir que a alma continue endurecida e não se converta. 
  2. «A muitos agrada o que escutam, e propõem-se agir bem; mas logo que começam a ser incomodados pelas adversidades abandonam as boas obras que tinham começado. A terra pedregosa não teve suficiente substância, pelo que, o germinado não chegou a dar fruto. Há muitos que quando ouvem falar contra a avareza a detestam, e exaltam o menosprezo das coisas deste mundo; mas mal a alma vê outra coisa para desejar, esquece-se do que exaltava. Há também muitos que quando ouvem falar contra a impureza não só não desejam manchar-se com as sujidades da carne, mas até se envergonham das manchas com que se mancharam; mas logo que se apresenta à sua vista a beleza corporal, é arrastado o coração pelos desejos de tal maneira que é como se nada tivessem feito nem determinado contra esses desejos, e fazem o que é digno de condenação e eles próprios tinham condenado ao recordar que o tinham cometido. Muitas vezes nos compungimos pelas nossas culpas e, contudo soltaremos a cometê-las depois de as termos chorado» (In Evangelia homiliae, 15).
  3.   Trata-se daqueles que depois de receberem a semente divina, a vocação cristã, e tendo caminhado com passo firme durante algum tempo, começam a ceder na luta. Estas almas estão expostas a perder o gosto pelas coisas de Deus e, paralelamente, a iniciar o fácil e desviado caminho das compensações que lhes sugerem a sua ambição desordenada de poder, o seu afã pelas riquezas e a vida cômoda sem sofrimento.

Nesta situação começa a aparecer a tibieza, e o homem quer servir ao mesmo tempo a dois senhores: «Não é lícito viver tentando manter acesas, como diz o povo, uma vela a São Miguel e outra ao Diabo. É preciso apagar a vela do Diabo. Temos de consumir a vida fazendo-a arder inteiramente ao serviço do Senhor. Se o nosso empenho pela santidade é sincero, se temos a docilidade de nos abandonar nas mãos de Deus, tudo correrá bem. Porque Ele está sempre disposto a dar-nos a Sua graça» (Cristo que passa, n° 59).

  1. Três são as características que Jesus Cristo assinala na terra boa: ouvir com as boas disposições de um coração generoso os requerimentos divinos; esforçar-se para que essas exigências não se atenuem com o decurso do tempo; e, por fim, começar e recomeçar sem desanimar se o fruto tarda. «Não podes ‘subir’. — Não é de estranhar: aquela queda!…

«Persevera e ‘subirás’. — Recorda o que diz um autor espiritual: a tua pobre alma é um pássaro que ainda tem as asas empastadas de lama.

«É preciso muito calor do céu e esforços pessoais, pequenos e constantes, para arrancar essas inclinações, essas imaginações, esse abatimento, essa lama pegajosa das tuas asas.

«E ver-te-ás livre. — Se perseverares, ‘subirás’» (Caminho, n° 991).

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