em Evangelho do dia

3Aproximaram-se d’Ele uns Fariseus, para O tentarem, e disseram-Lhe: É lícito repudiar a própria mulher por qualquer motivo? 4Respondeu Ele: Não lestes que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher e disse: 5«Por isso deixará o homem pai e mãe e unir-se-á com sua mulher e formarão os dois uma só carne?». 6Portanto, já não são dois, mas uma carne só. Não separe, pois, o homem o que Deus ajuntou. 7Replicaram eles: Então, porque é que Moisés mandou dar-lhe libelo de repúdio e desquitá-la? 8Respondeu-lhes: Moisés, por causa da dureza do vosso coração, permitiu-vos repudiar as vossas mulheres. Mas, ao princípio, não era assim. 9Ora Eu digo-vos que todo o que se desquitar de sua mulher, excepto no caso de união ilegítima, e casar com outra, comete adultério. E quem casar com uma desquitada, comete adultério.

10Dizem-Lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem com a sua mulher, mais vale não casar. 11Respondeu-lhes Ele: Nem todos compreendem esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido. 12Porque há eunucos de nascença, e há eunucos que foram feitos tais pelos homens, e há eunucos que tais se fizeram a si mesmos, por amor do Reino dos Céus. Quem pode compreender, compreenda.


Comentário

4-5. «O matrimônio e o amor conjugai destinam-se por sua própria natureza à geração e educação da prole. Os filhos são, sem dúvida, o maior dom do matrimônio e contribuem muito para o bem dos próprios pais. O mesmo Deus que disse ‘não é bom que o homem esteja só (Gen 2,18) e que ‘desde a origem fez o homem varão e mulher’ (Mt 19, 4), querendo comunicar-lhe uma participação especial na Sua obra criadora, abençoou o homem e a mulher dizendo: ‘sede fecundos e multiplicai-vos’ (Gen 1, 28). Por isso, o autêntico culto do amor conjugai, e toda a vida familiar que dele nasce, sem pôr de lado os outros fins do matrimônio, tendem a que os esposos, com fortaleza de ânimo, estejam dispostos a colaborar com o amor do criador e salvador, que por meio deles aumenta cada dia mais e enriquece a sua família (Gaudium et spes, n. 50). 

  1. 9. Em todo este passo predomina o ensinamento do Senhor acerca da unidade e da indissolubilidade do matrimônio. Como diz São João Crisóstomo, comentando este passo, o matrimônio é um com uma e para sempre (cfr sobre S. Mateus, 62). Sobre o sentido da frase «a não ser por fornicação» veja-se a nota a Mt 5,31-32).
  2. « Nem todos são capazes de compreender esta doutrina»: O Senhor sabe bem que as exigências dos Seus ensinamentos à volta do matrimônio e a Sua recomendação do celibato por amor de Deus chocam com o egoísmo humano. Por isso afirma que compreender esta doutrina é dom de Deus.
  3. Com este modo figurado de falar refere-Se o Senhor aos que por Seu amor renunciam ao matrimônio e Lhe oferecem totalmente a sua vida. A virgindade por amor de Deus é um dos carismas mais estimados na Igreja (cfr  lCor 7); mostra-se com a própria vida o estado dos bem-aventurados, que no Céu são como anjos (Mt 22, 30). Daqui que o Magistério da Igreja tenha declarado a superioridade do estado de virgindade por amor do Reino dos Céus, sobre o estado matrimonial (cfr De Sacram. matr., can. 10; cfr também Sacra virginitas). Sobre a virgindade e o celibato ensina o Concilio Vaticano II: «A santidade da Igreja é também especialmente favorecida pelos múltiplos conselhos que o Senhor propõe no Evangelho aos Seus discípulos. Entre eles sobressai o de, com o coração mais facilmente indiviso, se consagrarem só a Deus, na virgindade ou no celibato, dom da graça divina que o Pai concede a alguns (cfr Mt 19, 11; l Cor 7, 7). Esta continência perfeita, abraçada pelo reino dos céus, foi sempre tida em grande estima pela Igreja, como sinal e incentivo do amor e ainda como fonte privilegiada de fecundidade espiritual no mundo» (Lumen gentium, n. 42; cfr Perfectae caritatis, n. 12). E em concreto, com relação ao celibato sacerdotal, cfr o Decr. Presbyterorum ordinis n. 16 e o Decr. Optatam totius, n. 10.

Mas tanto a virgindade como o matrimônio são necessários para o crescimento da Igreja, e ambos supõem uma vocação específica da parte do Senhor: «O celibato é exactamente ‘dom do Espírito’. Um dom semelhante, muito embora diverso, está contido na vocação para o verdadeiro e fiel amor conjugai, ordenado para a procriação segundo a carne no contexto tão sublime do sacramento do Matrimônio. É conhecido que este dom é algo fundamental para construir a grande comunidade da Igreja, Povo de Deus. Entretanto, se esta comunidade quiser corresponder plenamente à sua vocação em Jesus Cristo, é necessário que nela se realize, em proporção adequada, também aquele outro ‘dom’, o dom do celibato ‘por amor do reino dos Céus’» (Carta a todos os sacerdotes, n° 8).

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