em Evangelho do dia

13Partidos que foram, eis que um anjo do Senhor aparece em sonhos a José e diz-lhe: Levanta-te, toma o Menino e Sua Mãe e foge para o Egipto, e fica lá, até eu te avisar, porque Herodes vai procurar o Menino para O matar.

14Ele levantou-se, tomou, de noite, o Menino e Sua Mãe e retirou-se para o Egipto, 15onde ficou até à morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor tinha anunciado pelo profeta, que disse: «Do Egipto chamei o meu Filho».

16Então Herodes, ao ver-se iludido pelos Magos, enfureceu-se em extremo e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e todo o seu termo, de dois anos para baixo, segundo o tempo que tinha averiguado dos Magos. 17Cumpriu-se então a palavra do profeta Jeremias, que disse: 18« — Ouviu-se uma voz em Ramá, Choro e pranto grande: É Raquel a chorar seus filhos, inconsolável, porque já não existem.»

Comentário


  1. São João Crisóstomo, a propósito deste passo, sublinha a fidelidade e obediência de José: «Ao ouvir isto, José não se escandalizou nem disse: isto parece um enigma. Tu mesmo dizias-me não há muito que Ele salvaria o Seu povo, e agora não é capaz nem sequer de Se salvar a Si mesmo, mas temos necessidade de fugir, de empreender uma viagem, uma longa deslocação… Mas nada disto diz, porque José é um varão fiel. Tão-pouco pergunta pelo tempo do regresso, apesar de o anjo O ter deixado indeterminado, pois lhe tinha dito: E está ali até que eu te diga. Não obstante, nem por isso ficou paralisado, mas obedece e crê e suporta todas as provas com alegria» (Hom. sobre S. Mateus, 8).

É de notar também o ‘claro-escuro’ da acção de Deus relativamente aos eleitos: juntamente com as maiores alegrias hão-de suportar sofrimentos intensos. «É bem verdade que Deus, amigo dos homens, misturava trabalhos e doçuras, estilo que segue com todos os santos. Nem os perigos nem as consolações no-las dá contínuos, mas de uns e de outros vai entretecendo a vida dos justos. Assim fez com José» (Ibidem).

  1. O texto de Oseias 11,1 fala de um menino que sai do Egipto e que é filho de Deus. Refere-se em primeiro lugar ao povo de Israel, que Deus tirou do Egipto por meio de Moisés. Mas esse acontecimento era uma figura de Jesus, cabeça do novo Povo de Deus, que é a Igreja. Nele se Cumpre principalmente esta profecia. O texto sagrado apresenta uma citação do Antigo Testamento à luz da sua plenitude, Jesus Cristo. O Antigo Testamento tem o seu sentido pleno em Cristo e, segundo São Paulo, lê-lo sem ter em conta Jesus é ter os olhos cobertos com um véu (cfr. 2Cor 3,12-18).

16-17. Sobre a figura de Herodes cfr nota a Mt 2, l.

Deus permite a maldade e crueldade de Herodes, que procura dar a morte ao Menino ao mesmo tempo que no seu agir cruel se cumpre a profecia de ler 31, 15. A Igreja viu nestes meninos os primeiros mártires que dão a sua vida por Cristo. O martírio justificou-os e operou neles a mesma graça que confere o Baptismo: é o Baptismo de sangue.

São Tomás comenta o passo deste modo: «Visto que não podiam fazer uso da sua liberdade, como se pode dizer que morreram por Cristo? (…) Deus não teria permitido esse morticínio se não tivesse sido útil para aqueles meninos. Santo Agostinho diz que duvidar de que tal morticínio foi útil para esses meninos é o mesmo que duvidar de que o Baptismo seja útil para as crianças. Pois os inocentes sofreram como mártires e confessaram Cristo — non loquendo, séd moriendo — não falando, mas morrendo» (Comentário sobre S. Mateus, 2,16).

  1. Rama foi a cidade em que Nabucodonosor, rei da Babilônia, reuniu os prisioneiros israelitas. Por estar situada na tribo de Benjamim, Jeremias põe na boca de Raquel, mãe de Benjamim e José, as lamentações pelos filhos de Israel.

A magnitude da desgraça dos desterrados para a Babilônia era tal, que Jeremias exprime poeticamente que a dor de Raquel é demasiado grande para aceitar consolação.

«Quando morreu Raquel foi enterrada no hipódromo próximo de Belém. Como o sepulcro estava próximo e a herdade pertencia a seu filho Benjamim — Rama era da tribo de Benjamim —, pelo cabeça da tribo e pelo lugar do sepulcro, pôde razoavelmente chamar filhos de Raquel aos meninos degolados em Belém» (Hom. sobre S. Mateus, 9).

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