em Evangelho do dia

34Mas os Fariseus, ao saberem que fizera calar os Saduceus, juntaram-se num corpo, 35e um deles, que era doutor da lei, para O tentar, interrogou-O: 36Mestre, qual é o maior mandamento da Lei? 37Respondeu Ele: Ama o Senhor teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma e com todo o teu entendimento. 38Este é o maior e o primeiro mandamento. 39E o segundo é semelhante a este: Ama o teu próximo como a ti mesmo. 40 Destes dois mandamentos depende toda a Lei e os Profetas.

 

Comentário

34-40. Diante da pergunta, o Senhor põe em relevo que toda a Lei se condensa em dois mandamentos: o primeiro e mais importante consiste no amor incondicional a Deus; o segundo é consequência e efeito do primeiro: porque quando é amado o homem, diz São Tomás, é amado Deus já que o homem é imagem de Deus (cfr Comentário sobre S. Mateus, 22,4).

Quem ama deveras Deus ama também os seus iguais, porque verá neles os seus irmãos, filhos do mesmo Pai, redimidos pelo mesmo sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo: «Temos este mandamento de Deus: que o que ame a Deus ame também o seu irmão» (1Ioh 4, 21). Há, porém, um perigo: se amamos o homem pelo homem, sem referência a Deus, este amor converte-se em obstáculo que impede o cumprimento do primeiro preceito; e então deixa também de ser verdadeiro amor ao próximo. Mas o amor ao próximo por Deus é prova patente de que amamos a Deus: «se alguém diz: amo a Deus, mas despreza o seu irmão, é um mentiroso» (lIoh 4,20).

«Amarás o teu próximo como a ti mesmo»: Estabelece aqui o Senhor que a medida prática do amor ao próximo há-de ser o amor a si mesmo; tanto o amor aos outros como o amor a si mesmo fundamentam-se no amor a Deus. Daí que, nuns casos, o amor de Deus exigirá pôr uma necessidade do próximo por diante da nossa e, noutros casos, não: depende do diverso valor que tenham, à luz do amor de Deus, os bens espirituais e materiais que estejam em jogo.

É evidente que os bens do espírito têm uma precedência absoluta sobre os bens materiais, inclusive o da própria vida. Daí que sempre há que salvar, antes de mais, os bens espirituais, quer sejam próprios ou do próximo. Quando se trata do supremo bem espiritual, que é a salvação da alma, de nenhum modo se pode correr o perigo certo de condenar-se para salvar outro, porque, dada a liberdade humana, nunca podemos estar seguros da decisão pessoal que possa tomar o próximo: é a situação que reflecte a parábola das virgens néscias e prudentes (cfr Mt 25, 1-13) ao negar-se estas a dar-lhes o azeite; no mesmo sentido diz São Paulo que se faria anátema para salvar os seus irmãos (cfr Rom 9, 3), numa frase condicional irreal. Não obstante, é claro que temos de fazer tudo o possível para salvar os nossos irmãos, conscientes de que quem contribui para que o pecador se converta do seu extravio salvar-se-á ele mesmo da morte eterna e cobrirá a multidão dos seus pecados (Iac 5, 20). De tudo isso se deduz que o próprio amor recto de si, fundado no Amor de Deus ao homem, traz como consequência as exigências radicais do esquecimento de si para amar a Deus e ao próximo por Deus.

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