em Evangelho do dia

8Elas saíram à pressa do sepulcro com medo e com grande alegria e correram a dar a notícia aos discípulos. 9E eis que Jesus lhes saiu ao encontro, dizendo: Deus vos salve. E elas aproximaram-se, abraçaram-se-Lhe aos pés e adoraram-No. 10Disse-lhes então Jesus: Não temais. Ide dar a notícia aos Meus irmãos, para que vão para a Galileia e lá Me verão.

11Enquanto iam de caminho, alguns dos soldados vieram à cidade e contaram aos Príncipes dos sacerdotes tudo o que tinha acontecido. 12Reuniram-se eles em conselho com os Anciãos e deliberaram dar uma boa soma de dinheiro aos soldados, 13ordenan-do-lhes: Dizei: Vieram de noite os Seus discípulos e roubaram-No, enquanto nós estávamos a dormir. 14E se isto chegar aos ouvidos do governador, nós o convenceremos e vos tiraremos de cuidados. 15Eles, tendo recebido o dinheiro, fizeram como lhes tinham ensinado. E esta versão divulgou-se entre os Judeus até ao dia de hoje.

Comentário

1-15. A Ressurreição de Jesus Cristo, realizada nas primeiras horas do domingo, é um facto que todos os Evangelhos afirmam de modo claro e rotundo: Umas santas mulheres comprovam com assombro que o sepulcro está aberto. Ao entrar no vestíbulo (cfr Mc 16, 5-6), vêem um anjo que lhes diz: «Não está aqui, porque ressuscitou como tinha dito». Alguns guardas, os que estavam de vigia quando o anjo fez rodar a pedra, foram à cidade e comunicaram aos pontífices tudo o que tinha acontecido. Como o assunto era urgente, optaram por subornar os guardas: deram-lhes bastante dinheiro com a condição de divulgar que os Seus discípulos foram de noite e roubaram o corpo de Jesus! enquanto dormiam. «Astúcia miserável!, diz Santo Agostinho apresentas testemunhas adormecidas? Verdadeiramente estás, a dormir tu mesmo ao imaginar semelhante explicação!» (Enarrationes in Psalmos, 63, 1 5). Os Apóstolos que dias antes, tinham fugido por medo, serão agora, depois de O terem visto e de terem comido e bebido com Ele, os pregadores mais incansáveis deste facto. «Este Jesus — dirão — é quem Deus ressuscitou, do qual todos nós somos testemunhas» (Act 2,32).

Cristo, do mesmo modo que prediz a Sua subida a Jeru­salém, a Sua entrega nas mãos dos Judeus e a Sua morte, prediz a Sua Ressurreição ao terceiro dia (Mt 20, 17-19; Mc 10, 32-34; Lc 18, 31-34). Com a Ressurreição Jesus cumpre o sinal que sobre a Sua divindade tinha prometido dar aos incrédulos (Mt 12, 40).

A Ressurreição de Cristo é um dos dogmas fundamentais da nossa fé católica. Na verdade, São Paulo diz: «Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação; é também vã a vossa fé» (l Cor 15, 14). E para ratificar a afirmação de que Cristo ressuscitou diz-nos «que apareceu a Cefas, depois aos Doze. Depois apareceu uma vez a mais de quinhentos irmãos, dos quais muitos vivem ainda e alguns morreram; depois apareceu a Tiago; depois a todos os apóstolos; e depois de todos, como a um aborto, apareceu-me também a mim» (l Cor 15, 5-8). Já os primeiros Símbolos afirmam que Jesus ressuscitou ao terceiro dia (Símbolo de Niceia), pela sua própria virtude (Símbolo De Redemptione) , com uma verdadeira ressurreição da Sua carne (Símbolo de S. Leão IX), voltando a unir-Se a Sua alma com o Seu corpo (Eius exemplo), resultando este facto da ressurreição historicamente demonstrado e demonstrável (Lamentabili. n. 36).

«Pelo nome de Ressurreição não se deve entender unica­mente que Cristo ressuscitou de entre os mortos (…) mas que ressuscitou pela sua virtude e poder próprio, o que foi exclusivo e singular n’Ele (…); confirmou-o o próprio Senhor com o testemunho divino da Sua boca: ‘porque dou a Minha vida para a tomar de novo. Ninguém Ma tira mas Eu dou-a livremente. Tenho poder para a dar e tenho poder para a tomar de novo’ (Ioh 10, 17-18) (…). Igualmente disse aos Judeus, para confirmar a verdade da Sua doutrina: ‘Destruí este Templo e em três dias o levantarei… mas Ele falava do Templo do Seu corpo’ (Ioh 2, 19-21) (…). E embora leiamos alguma vez nas Escrituras que Cristo Nosso Senhor foi ressuscitado pelo Pai (cfr Act 2, 24; Rom 8, 11), isto deve ser-Lhe aplicado enquanto homem; assim como, por outra parte, se referem a Ele próprio enquanto Deus aqueles textos em que se diz que ressuscitou pela Sua própria virtude» (Catecismo Romano, 1,6, 8).

Não é uma volta ao seu anterior estado de vida terrestre, mas é Ressurreição gloriosa: isto é, plenitude de vida humana, imortal, libertado de todas as limitações de tempo e de espaço. Como consequência da Ressurreição o corpo de Cristo participa da glória que desde o princípio enchia a alma do Senhor. Aqui está a singularidade do facto histórico da Ressurreição, pelo que se constitui em objecto de fé. Nem todos podem vê-Lo, mas é uma graça que Ele concedeu a alguns, para que fossem as testemunhas dessa Ressurreição, e os outros creiam pelo testemunho deles.

A Ressurreição de Cristo foi necessária para que se completasse a obra da nossa Redenção. Porque Jesus Cristo com a Sua Morte livrou-nos dos pecados; mas com a Sua Ressurreição devolveu-nos os bens que tínhamos perdido pelo pecado e, além disso, abriu-nos as portas da vida eterna (cfr Rom 4, 25). Igualmente, o ter ressuscitado de entre os mortos pela Sua própria virtude é prova definitiva de que Cristo é o Filho de Deus e, portanto, a Sua Ressurreição confirma cumpridamente a nossa fé na Sua divindade.

A Ressurreição de Cristo, como foi indicado, é a verdade mais transcendente da nossa fé católica. Por isso Santo Agostinho exclama: «Não é grande coisa crer que Cristo morreu; porque isto também o crêem os pagãos e judeus e todos os iníquos: todos crêem que morreu. A fé dos cristãos é a Ressurreição de Cristo; isto é o que temos por coisa grande; o crer que ressuscitou» (Enarrationes in Psalmos, 120).

O mistério redentor do Senhor, que compreende a Sua Morte e a Sua Ressurreição, aplica-se a todo o homem pelo Baptismo e pelos outros sacramentos, mediante os quais fica o crente como que submerso em Cristo e na Sua morte, isto é, misticamente compenetrado, morto e ressuscitado com Cristo: «Pois fomos sepultados juntamente com Ele por meio do Baptismo em ordem à morte, para que, assim como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos para a glória do Pai, assim também nós caminhemos numa vida nova» (Rom 6,4).

Sinais da nossa ressurreição com Cristo são o desejo ardente de buscar as coisas de Deus e, além disso, o gosto interior da alma por elas (cfr Col 3, 1 -3)

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