em Evangelho do dia

23Sucedeu também que, atravessando Ele por meio de umas searas em dia de o sábado, os discípulos começaram a colher espigas enquanto caminhavam. 24E os Fariseus diziam-Lhe: Olha! Como é que eles fazem ao sábado o que não é lícito? 25Diz-lhes Ele: Nunca lestes o que fez David, quando se viu em necessidade e teve fome, ele e os que estavam com ele? 26Como entrou na casa de Deus, no tempo do Sumo Sacerdote Abiatar, e comeu os pães da proposição, que só os sacerdotes podem comer, e deu também aos que estavam com ele? 27E acrescentou: O sábado fez-se para o homem e não o, homem para o sábado. 28Por isso o Filho do homem é também senhor do sábado.

 

Comentário


  1.   Cfr a nota a Mt 12,2.

26-27. Os pães da proposição eram doze pães que se colocavam todas as semanas na mesa do santuário, como homenagem das doze tribos de Israel ao Senhor (cfr Lev 24, 5-9). Os pães substituídos ficavam reservados para os sacerdotes que serviam no culto.

O comportamento de Abiatar antecipou a doutrina que Cristo ensina neste passo. Já no Antigo Testamento Deus tinha estabelecido uma ordem nos preceitos da Lei, de modo que os de menor categoria cedem diante dos principais.

À luz disto explica-se que um preceito cerimonial (como o que comentamos) cedesse diante de um preceito da lei natural. Igualmente o preceito do sábado não está por cima das necessidades elementares da subsistência. O Concilio Vaticano II inspira-se neste passo para sublinhar o valor da pessoa por cima do desenvolvimento econômico e social: «A ordem social e o seu progresso devem, pois, reverter sempre em bem das pessoas, já que a ordem das coisas deve estar subordinada à ordem das pessoas e não ao contrário; foi o próprio Senhor quem o insinuou ao dizer que o sábado fora feito para o homem, não o homem para o sábado. Essa ordem, fundada na verdade, construída sobre a justiça e vivificada pelo amor, deve ser cada vez mais desenvolvida» (Gaudium et spes, n. 26).

Finalmente, neste passo Cristo ensina qual era o sentido da instituição divina do sábado: Deus tinha-o instituído para bem do homem, para que pudesse descansar e dedicar-se com paz e alegria ao culto divino. A interpretação dos fariseus tinha convertido este dia em ocasião de angústia e de preocupação por causa da multiplicidade de prescrições e de proibições.

Ao proclamar-Se «senhor do sábado», Jesus afirma a Sua divindade e o Seu poder universal. Por esta razão, pode estabelecer outras leis. tal como Yahwéh no Antigo Testamento.

  1. O sábado tinha sido feito não só para que o homem descansasse, mas para que desse glória a Deus: este é o autêntico sentido da expressão «o sábado foi feito para o homem». Jesus bem pode chamar-se senhor do sábado, porque é Deus. Cristo restitui ao descanso semanal toda a sua força religiosa: não se trata do mero cumprimento de uns preceitos legais, nem de preocupar-se apenas dum bem-estar material: o sábado pertence a Deus e é um modo, adaptado à natureza humana, de dar glória e honra ao Todo-poderoso. A Igreja, desde o tempo dos Apóstolos, transferiu a observância deste preceito para o dia seguinte, domingo — dia do Senhor —, para celebrar a Ressurreição de Cristo (Act 20, 7). 

«Filho do Homem»: A origem do significado messiânico da expressão «Filho do Homem» aparece sobretudo na profecia de Daniel 7, 13 ss., que contempla em visão profética que sobre as nuvens do céu desce um «como Filho de Homem», que avança até ao tribunal de Deus e recebe o senhorio, a glória e o império sobre todos os povos e nações. Esta expressão foi preferida por Jesus (69 vezes aparece nos Evangelhos Sinópticos) a outras denominações messiânicas, como Filho de David, Messias, etc., para evitar, ao mesmo tempo, a carga nacionalista que os outros títulos tinham então na mente dos Judeus (cfr Introdução ao Evangelho segundo São Marcos, p. 459).

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