em Evangelho do dia

26Como sucedeu nos dias de Noe, assim será também nos dias do Filho do homem: 27comiam, bebiam, casavam-se, até ao dia em que Noe entrou na arca e veio o dilúvio, que a todos perdeu. 28Dar-se-á o mesmo que sucedeu nos dias de Lot: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam, construíam. 29Mas no dia em que Lot saiu de Sodoma, Ele fez chover do céu fogo e enxofre e a todos perdeu. 30Assim será no dia em que Se revelar o Filho do homem. 31Nesse dia, quem se encontrar no terraço e tiver as suas coisas em casa não desça para as tirar, e quem estiver no campo não volte igualmente atrás. 32Lembrai-vos da mulher de Lot. 33Quem procurar preservar a sua vida perdê-la-á, e quem a perder conservá-la-á. 34Eu vos digo: Nessa noite haverá dois numa cama: um será tomado, e o outro deixado. 35Haverá duas a moer em conjunto: uma será tomada, e a outra deixada.36 (Haverá dois no campo: um será tomado e o outro deixado.)

37Eles tomam a palavra e perguntam-Lhe: Onde, Senhor? Jesus responde-lhes: Onde estiver o corpo, lá se hão-de juntar também os abutres.

Comentário

23-36. Estas palavras do Senhor constituem uma pro­fecia acerca da última vinda do Filho do Homem. Deve ter-se em conta que na profecia se interpõem a miúdo diversos planos de acontecimentos, se costuma utilizar grande quantidade de símbolos e modos de falar, de maneira que o claro-escuro que apresentam faz que possamos vislumbrar os acontecimentos futuros, ainda que os pormenores con­cretos só fiquem claros à medida que vão acontecendo. A última vinda do Senhor será repentina, inesperada; muitos homens estarão desprevenidos. Jesus ilustra esta verdade com exemplos da História Sagrada: como nos dias de Noé (cfr Gen 6,9-9,17) e como nos de Lot (cfr Gen 18,16-19,27), o juízo divino sobre os homens virá de repente.

De todas as formas convém recordar que cada um se apresentará diante do Juiz divino imediatamente depois da morte, no juízo particular. Deste modo o ensinamento de Jesus tem também uma urgência de presente: já agora deve o discípulo vigiar o seu próprio comportamento, visto que o Senhor pode chamá-lo a prestar contas quando menos o espere.

  1. «Conservá-la-á»: Na realidade o verbo grego cor­respondente traduzido à letra seria «gerá-la-á», isto é, « dará à alma a verdadeira vida». Segundo isto, o sentido das palavras do Senhor parece ser o seguinte: quem quiser conservar a todo o transe esta vida terrena, fazendo dela o valor fundamental, perderá a vida eterna; pelo contrário, quem estiver disposto a perder esta vida da terra, isto é, a resistir até à morte aos inimigos de Deus e da alma, nesta luta ganhará a felicidade eterna. As palavras deste versículo, embora diferentes na letra, são quase idênticas no seu conteúdo às de Lc 9,24.
  2. Este versículo, segundo a Vulgata, diz assim: «una assumetur, et altera relinquetur. Duo in agro; unus assu­metur, et alter relinquetur» («uma será tomada e a outra deixada. Estarão dois no campo: um será tomado e o outro deixado»). Estas palavras parecem acrescentadas em parte ao texto de Lucas, tomadas de Mt 24,40: faltam, com efeito, nos melhores códices gregos. Por esta razão a Neo-vulgata omite-os.
  3. «Onde, Senhor?»: Os fariseus tinham perguntado a Jesus quando chegaria o Reino de Deus (v. 20). Agora os discípulos, depois das explicações do Mestre, perguntam–Lhe: onde?; diante desta interrogação, fruto da curiosidade natural, Jesus responde com uma frase que tem todo o sabor de um provérbio e que nos indica, precisamente pelo seu sentido enigmático, que não quis responder com clareza ao que Lhe perguntavam. Assim, pois, o breve discurso do Senhor sobre a vinda do Reino de Deus e de Cristo começa e termina com perguntas superficiais dos ouvintes, mas que dão azo ao Senhor para expor uma doutrina que será enten­dida depois.

«Onde estiver o corpo, lá se hão-de juntar também os abutres»: O texto grego emprega um vocábulo que indica indistintamente águia ou abutre. Em qualquer caso esta frase proverbial indica a rapidez com que as aves de rapina se dirigem para a sua presa. Aqui parece referir-se ao modo como terá lugar a segunda vinda do Filho de Deus e o juízo que a acompanhará: de maneira repentina e imprevista, sem concretizar mais. A Sagrada Escritura, noutros lugares, recolhe a mesma idéia: «Mas quanto ao tempo e à ocasião, irmãos, não precisais que vos escrevam, pois vós mesmos sabeis perfeitamente que o Dia do Senhor virá como um ladrão, de noite» (lThes 5,1-2). Uma vez mais, Jesus exorta à vigilância: não descuidemos o mais importante da nossa vida, a salvação eterna. «Tudo isso, que te preocupa de momento, é mais ou menos importante. — O que importa acima de tudo é que sejas feliz, que te salves» (Caminho, n.° 297).

Além disso, a curiosidade dos fariseus e dos discípulos sobre o quando, onde, etc., que os distraía do principal do ensinamento de Jesus, também nós a padecemos com fre­qüência diante de acontecimentos tão importantes como a morte: quantas vezes perdemos o tempo a ponderar as circunstâncias da morte dos nossos conhecidos, e desatendemos o aviso que é o acabar esta vida — seja do modo que for — e encontrar-se com Deus.

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