em Evangelho do dia

29Saindo depois da sinagoga, foi para casa de Simão e André, com Tiago e João. 30Ora a sogra de Simão estava de cama com febre e logo Lhe falam dela. 31E Ele, aproximando-Se, pegou-lhe na mão e ergueu-a. A febre deixou-a, e ela pôs-se a servi-los.

32Ao anoitecer, depois do sol-posto, trouxeram-Lhe todos os doentes e possessos, 33e toda a cidade se apinhou diante da porta. Soltes 34Ele curou muitos, atacados de várias enfermidades, e expulsou muitos Demônios; mas não deixava que os Demônios falassem, porque sabiam quem Ele era.

35De madrugada, muito antes de amanhecer, levantou-Se e saiu para um lugar solitário e ali orava. 36Simáo e os que com ele estavam foram à procura d’Ele. 37Quando O encontraram, disseram-Lhe: Andam todos a procurar-Te. 38Diz-lhes Ele: Vamos a outro lugar, às vilas circunvizinhas, para também ali pregar, pois para isso é que saí. 39E andava a pregar nas suas sinagogas, por toda a Galileia, e a expulsar os Demônios.

Comentário

  1. Os demônios possuem um saber sobre-humano, por, isso reconhecem Jesus como o Messias (Mc 1, 24). Por meio dos endemoninhados, os demônios podiam dar a conhecer o caracter messiânico de Jesus. Mas o Senhor, com o Seu poder divino, manda-os guardar silêncio. Ordena a mesma coisa, noutras ocasiões, aos discípulos (Mc 8,30; 9,9), e aos doentes, depois da sua cura, ordena que não propaguem a notícia (Mc 1,44; 5,43; 7,36; 8,26).

Este proceder do Senhor pode explicar-se como pedagogia divina para ir ensinando que a ideia que do Messias tinham a maioria dos contemporâneos de Jesus era demasiado humana e politizada (cfr a nota a Mt 9, 30). Por isso quer primeiro despertar o interesse com os Seus milagres, e ir esclarecendo o sentido do Seu messianismo com as Suas palavras, para que os discípulos e todo o povo o possam compreender progressivamente.

Também devemos pensar, com alguns Santos Padres, que Jesus não quer aceitar em favor da verdade o testemunho daquele que é o pai da mentira. E por isso, apesar de O reconhecerem, não os deixa dizer Quem é. Cfr a nota a Ioh 8,44.

  1. São muitos os passos do Novo Testamento que referem a oração de Jesus. Os evangelistas assinalaram-no nos momentos mais importantes do ministério público do Senhor: Baptismo (Lc 3,21), escolha dos Apóstolos (Lc 6,12), primeira multiplicação dos pães (Mc 6,46), Transfiguração (Lc 9, 29), no horto do Getsémani antes da Paixão (Mt 26,39), etc. Marcos, por seu lado, refere a oração de Jesus em três momentos solenes: no começo do Seu ministério público (1, 35), no meio (6,46), e no fim, no Getsémani (14,3,2).

A oração de Jesus é oração de louvor perfeito ao Pai, é oração de petição por Si mesmo e por nós, e é, finalmente, modelo para os Seus discípulos. É louvor e acção de graças perfeita porque Ele é o Filho amado de Deus em Quem o Pai Se compraz plenamente (cfr Mc 1, 11). É oração de petição, pois pedir coisas a Deus é o primeiro movimento espontâneo da alma que reconhece Deus como Pai. A oração de Jesus, segundo vemos por numerosos passos evangélicos (p. ex. Ioh 17, 9 e ss.), era uma petição contínua ao Pai pela obra da Redenção, que Ele devia realizar por meio da dor e do sacrifício (cfr as notas a Mc 14, 32-42 e Mt 7, 7-11). O Senhor quer, além disso, ensinar-nos com o Seu exemplo qual deve ser a atitude do cristão: entabular habitualmente um diálogo filial com Deus, no meio e por ocasião das nossas actividades ordinárias — trabalho, vida familiar, relações sociais, apostolado —, com o fim de dar à nossa vida um significado e uma presença autenticamente cristãos, já que, como assinalará mais tarde Jesus, «sem Mim nada podeis fazer» (Ioh 15,5).

«Escreveste-me: ‘Orar é falar com Deus. Mas de quê?’ De quê?! D’Ele e de ti; alegrias, tristezas, êxitos e fracassos, ambições nobres, preocupações diárias…, fraquezas; e acções de graças e pedidos; e Amor e desagravo.

«Em duas palavras: conhecê-Lo e conhecer-te — ganhar intimidade!» (Caminho, n° 91) (cfr as notas a Mt 6, 5-6; 7, 7-11 e 14, 22-23).

  1. Jesus Cristo diz-nos aqui que a Sua missão é pregar, evangelizar. Para isto foi enviado (vid. também Lc 4, 43). Os Apóstolos, por sua vez, foram escolhidos por Jesus para os enviar a pregar (Mc 3, 14; 16, 15). A pregação é o meio escolhido por Deus para levar a cabo a salvação: «Aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação» (1Cor 1, 21). Por isso o mesmo São Paulo diz a Timóteo: «Prega a palavra, insiste oportuna e inoportunamente, repreende censura e exorta com bondade e doutrina» (2Tim 4,1-2). A fé vem-nos pelo ouvido, dirá em Rom 10, 17 e, citando o profeta Isaías, exclama com entusiasmo: «Que formosos são os pés dos que anunciam boas novas!» (Rom 10,15; Is 52,7).

A Igreja põe em realce entre os ofícios principais de Bispos e de presbíteros o de pregar o Evangelho. São Pio X chegou a dizer que «o dever de pregar é o que mais grave e estritamente obriga o sacerdote» (Acerbo nimis). No mesmo sentido se pronunciou o Concilio Vaticano II: «O Povo de Deus é reunido antes de mais pela palavra de Deus vivo (cfr 1Pet 1, 23; Act 6, 7; 12, 24), que é justíssimo esperar receber da boca dos sacerdotes (cfr Mal 2, 7; 1Tim 4, 11-13; etc.). Com efeito, como ninguém se pode salvar se antes não tiver acreditado (cfr Mc 16,16), os presbíteros, como cooperadores dos Bispos, têm, como primeiro dever, anunciar a todos o Evangelho de Deus (cfr 2Cor 11, 7), para que, realizando o mandato do Senhor: Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a todas as criaturas (Mc 16, 15), constituam e aumentem o Povo de Deus» (Presbiterorum ordinis, n. 4).

A pregação de Jesus não consiste apenas em palavras. É uma doutrina acompanhada com a autoridade e eficácia de uns factos(Mc 1,27.39). Jesus faz e ensina (Act 1, 1). Também a Igreja foi enviada a pregar a salvação, e a realizar a obra salvífica que proclama. Esta obra é posta em prática mediante os sacramentos e, especialmente, através da renovação do sacrifício do Calvário na Santa Missa (Sacrosanctum Concilium, n. 6).

Na Igreja de Deus, todos os fiéis têm de escutar devota­damente a pregação do Evangelho e todos têm de sentir, por sua vez, a responsabilidade de transmiti-lo com palavras e com factos. Por seu lado, à Hierarquia da Igreja corresponde ensinar autenticamente — com a autoridade de Cristo — a doutrina evangélica.

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