em Evangelho do dia

37porque, da parte de Deus, nada é impossível. 38Maria disse então: Eis a escrava do Senhor: seja-me feito segundo a tua palavra. E retirou-se o Anjo de junto dela. 

39Por aqueles dias, pôs-se Maria a caminho e dirigiu-se à pressa para a serra, em direcção a uma cidade de Judá. 40Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. 41Apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, saltou-lhe o menino no seio; Isabel ficou cheia do Espírito Santo 42e, erguendo a voz, num grande brado, exclamou: Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre. 43E donde me é dado que venha ter comigo a Mãe. do meu Senhor? 44Pois, logo que me chegou aos ouvidos o eco da tua saudação, saltou de alegria o menino no meu seio. 45Feliz daquela que acreditou que teriam cumprimento as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor!

46Maria disse então: «A minha alma enaltece ao Senhor, 47e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador, 

Comentário

  1. Uma vez conhecido o desígnio divino, Nossa Senhora entrega-se à Vontade de Deus com obediência pronta e sem reservas. Dá-se conta da desproporção entre o que vai ser — Mãe de Deus — e o que é — uma mulher —. Não obstante, Deus o quer e nada é impossível para Ele, e por isto ninguém é capaz de pôr dificuldades ao desígnio divino. Daí que, juntando-se em Maria a humildade e a obediência, pronunciará o sim ao chamamento de Deus com essa resposta perfeita: «Eis a escrava do Senhor, seja-me feito segundo a tua palavra».

«Ao encanto destas palavras virginais, o Verbo se fez carne» (Santo Rosário, primeiro mistério gozoso). Das puríssimas entranhas da Santíssima Virgem, Deus formou um corpo, criou do nada uma alma, e a este corpo e alma uniu-Se o Filho de Deus; desta sorte o que antes era apenas Deus, sem deixar de o ser, ficou feito homem. Maria já é Mãe de Deus. Esta verdade é um dogma da nossa santa fé definido no Concilio de Éfeso (ano 431). Nesse mesmo instante começa a ser também Mãe espiritual de todos os homens. O que um dia ouvirá de lábios de seu Filho moribundo, «eis aí o teu filho (…), eis aí a tua mãe» (Ioh 19,26-27), não será senão a proclamação do que silenciosamente tinha acontecido em Nazaré. Assim, «com o seu fiat generoso converteu-se, por obra do Espírito, em Mãe de Deus e também em verdadeira Mãe dos vivos, e converteu-se também, ao acolher no seu seio o único Mediador, em verdadeira Arca da Aliança e verdadeiro Templo de Deus» (Marialis cultus, n. 6).

O Evangelho faz-nos contemplar a Virgem Santíssima como exemplo perfeito de pureza («não conheço homem»); de humildade («eis a escrava do Senhor»); de candura e simplicidade («como será isso»); de obediência e de fé viva («seja-me feito segundo a tua palavra»). «Procuremos aprender, seguindo também o seu exemplo de obediência a Deus, numa delicada combinação de submissão e de fidalguia. Em Maria, nada existe da atitude das virgens néscias, que obedecem, sim, mas como insensatas. Nossa Senhora ouve com atenção o que Deus quer, pondera aquilo que não entende, pergunta o que não sabe. Imediatamente a seguir, entrega-se sem reservas ao cumprimento da vontade divina: eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a Vossa palavra (Lc I, 38). Vedes esta maravilha? Santa Maria, mestra de toda a nossa conduta, ensina-nos agora que a obediência a Deus não é servilismo, não subjuga a consciência, pois nos move interiormente a descobrir a liberdade dos filhos de Deus (cfr Rom VIII, 21)» (Cristo que passa, n° 173).

39-56. Contemplamos este episódio da visitação de Nossa Senhora a sua prima Santa Isabel no segundo mistério gozoso do santo Rosário: «(…) Acompanha alegremente José e Santa Maria… e ficarás a par das tradições da Casa de David. (…) Caminhamos apressadamente em direcção às montanhas, até uma aldeia da tribo de Judá (Lc 1,39).

«Chegamos. — É a casa onde vai nascer João Baptista. — Isabel aclama, agradecida, a Mãe do Redentor: Bendita és tu entre todas as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! — A que devo eu tamanho bem, que venha visitar-me a Mãe do meu Senhor? (Lc 1, 42-43).

«O Baptista, ainda por nascer, estremece… (Lc 1,41). A humildade de Maria derrama-se no Magnificat… — E tu e eu, que somos — que éramos — uns soberbos, prometemos ser humildes» (Santo Rosário, segundo mistério gozoso).

  1. Nossa Senhora ao conhecer pela revelação do anjo a necessidade em que se achava a sua prima Santa Isabel, próxima já do parto, apressa-se a prestar-lhe ajuda, movida pela caridade. A Santíssima Virgem não repara em dificuldades. Embora não saibamos o lugar exacto onde se achava Isabel (hoje supõe-se que é Ayn Karim), em qualquer caso o trajecto desde Nazaré até à montanha da Judeia supunha na antiguidade uma viagem de quatro dias.

Este facto da vida da Santíssima Virgem tem um claro ensinamento para os cristãos: devemos aprender d’Ela a solicitude pelos outros. «Não podemos conviver filialmente com Maria e pensar apenas em nós mesmos, nos nossos problemas. Não se pode tratar com a Virgem e ter, egoisticamente, problemas pessoais» (Cristo que passa, n° 145).

  1. 42. Comenta São Beda que Isabel bendiz Maria com as mesmas palavras usadas pelo Arcanjo «para que se veja que deve ser honrada pelos anjos e pelos homens e que com razão se deve antepor a todas as mulheres» (In Lucae Evangelium expositio, ad loc.). Na recitação da Ave Maria repetimos estas saudações divinas com as quais «nos alegramos com Maria Santíssima pela sua excelsa dignidade de Mãe de Deus e bendizemos o Senhor e agradecemos-Lhe ter-nos dado Jesus Cristo por meio de Maria» (Catecismo Maior, n° 333).
  2. Isabel, ao chamar a Maria «mãe do meu Senhor», movida pelo Espírito Santo, manifesta que a Virgem Santíssima é Mãe de Deus.
  3. São João Baptista, ainda que tenha sido concebido em pecado — o pecado original — como os outros homens, todavia, nasceu sem ele, porque foi santificado nas entranha» de sua mãe Santa Isabel pela presença de Jesus Cristo (então no seio de Maria) e da Santíssima Viagem. Ao receber este benefício divino São João manifesta a sua alegria saltando de gozo no seio materno. Estes factos foram o cumprimento da profecia do arcanjo São Gabriel (cfr Lc 1,15).

São João Crisóstomo admirava-se na contemplação desta cena do Evangelho: «Vede que novo e admirável é este mistério. Ainda não saiu do seio e já fala mediante saltos; ainda não lhe é permitido clamar e já é escutado pelos factos (…); ainda não vê a luz e já indica qual é o Sol; ainda não nasceu e já se apressa a fazer de Precursor. Estando presente o Senhor não se pode conter nem suporta esperar o» prazos da natureza, mas procura romper o cárcere do seio materno e busca dar testemunho de que o Salvador está prestes a chegar» (Sermo apud Metaphr., mense Júlio).

  1. Adiantando-se ao coro de todas as gerações vindouras, Isabel, movida pelo Espírito Santo, proclama bem-aventurada a Mãe do Senhor e louva a sua fé. Não houve fé como a de Maria; n’Ela temos o modelo mais acabado de quais devem ser as disposições da criatura diante do seu criador: submissão completa, acatamento pleno. Com a sua fé, Maria é o instrumento escolhido pelo Senhor para levar a cabo a Redenção como Mediadora universal de todas as graças. Com efeito, a Santíssima Virgem está associada à obra redentora de seu Filho: «Esta associação da mãe com o Filho na obra da Salvação, manifesta-se desde a conceição virginal de Cristo até à Sua morte. Primeiro, quando Maria, tendo partido solicitamente para visitar Isabel, foi por ela chamada bem-aventurada, por causa da fé com que acreditara na salvação prometida, e o precursor exultou no seio de sua mãe (…). Assim avançou a Virgem pelo caminho dá fé, mantendo fielmente a união com o seu Filho até à cruz. Junto desta esteve, não sem desígnio de Deus (cfr Ioh 19,25), padecendo acerbamente com o seu Filho único, e associando-se com coração de mãe ao Seu sacrifício, consentindo com amor na imolação da vítima que d’Ela nascera» (Lúmen gentium, nn. 57-58).

O novo texto latino recolhe de modo literal o original grego ao dizer «quae crédidit», em vez de «quae credidisti», como fazia a Vulgata, que neste caso é mais fiel ao sentido que à letra. Assim traduzem a maioria dos autores e assim traduzimos nós: «Feliz daquela que acreditou».

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